Há uma grande discussão aqui no site sobre o tema do sábado. Já postamos algumas respostas sobre a questão que você põe e não creio ser necessário repetir as ideias ali presentes. Veja a resposta da Ombretta, uma esperta em diálogo com os judeus. Sobre o papel do domingo na vida cristã, a mesma Ombretta aborta o assunto em outra resposta muito sábia.

A sua pergunta chama atenção para outra questão fundamental da leitura bíblica: o valor do Antigo Testamento. É um tema que considero de vital importância. Nós somos tentados a esquecer a primeira parte da Bíblia. E invés ela nunca perdeu o seu valor. Isso vale para tudo o que é dito nos livros do Antigo Testamento. É verdade que, para nós, cristãos, o centro é Cristo e por isso a nossa leitura dos primeiros livros da Bíblia tem um tom cristocêntrico. Todavia é muito importante sublinhar como a história de Israel, os ensinamentos dos profetas, os mandamentos da Lei mostram o caminho para descobrir e entender a mensagem divina revelada de modo especial através da encarnação do filho de Deus, em Jesus Cristo. O processo feito pelos judeus é uma via pedagógica que pode (e deve) nos ajudar a encontrar Cristo. Sem o Antigo Testamento seria mais difícil entender a Verdade.

Nós cristãos não somos mais obrigados a obedecer as leis do passado, as singulares leis que eram típicas do povo judeu, pois em Cristo nos foi dado um novo mandamento. Todavia é importante notar que Jesus observava os mandamentos e a quem lhe perguntava "o que devo fazer" ele respondia: "Se queres entrar na vida, observa os mandamentos", elencando aqueles que falam do amor ao próximo: "não matar, não cometer adultério, não roubar, não dar falso testemunho e honrar pai e mãe. E finalmente finalmente resume tudo isso numa formula positiva: "Ama o próximo como a ti mesmo" (Mateus 19,16-19).
A esta resposta jesus acrescenta algo mais: "Se queres ser perfeito, vende tudo o que tens e dá-lo aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me" (Mateus 19,21).

A segunda proposta de Jesus não cancela a primeira, a obediência aos mandamentos. A Lei não foi abolida (veja Mateus 5,17), mas é preciso encontrá-la na pessoa de Cristo, que representa a realização plena da Lei do Antigo Testamento.

Perguntado sobre qual é o maior mandamento (Mateus 22,36-40), Jesus responde: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro dos mandamentos. O segundo é parecido com este: Amarás o próximo teu como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas. Os 10 mandamentos, o decálogo, precisa ser interpretado à luz dessa lei, a caridade.

Concluindo, Jesus parte dos mandamentos, mas não pára ali: ele anunciou a justiça que supera aquela dos escribas e fariseus (Mateus 5,20), sublinhando a exigência extrema dos mandamentos: "entendeis o que foi dito aos antigos: 'Não matar'... Mas eu vos digo: qualquer um que ofende um irmão, será julgado" (Mateus 5,21-22).