Na sua colocação há muita vontade de aprender e também sinal de como somos facilmente manipulados no campo da história da bíblia, pois carecemos de formação. Essa falta, graças a Deus, está sendo aos poucos colmada com o interesse pela bíblia. Essa busca é muito positiva, mas a sede do saber pode também nos induzir em acreditar em coisas sem uma visão crítica.
O significado de Baal
Baal é o deus fenício, figura central da religiosidade de Ugarit, que ameaçava o monoteísmo em Israel. Em hebraico a palavra significa "senhor", "padrão" ou "marido". Às vezes, na Bíblia, se o vocábulo é acompanhado por um sufixo, tem esse significado, mas na maioria das vezes significa um nome próprio que designa o Deus principal de Canaã, o povo inimigo dos hebreus quando entraram na Terra Prometida. O Deus de Israel, o Deus da Bíblia tem um nome próprio, conhecido com o Tetragrama (YHWH), um nome que, por causa da sua santidade, era proibido ser pronunciado e que por isso não sabemos como era, em hebraico. Quando a Bíblia, o Antigo Testamento, foi traduzida para o grego, os tradutores substituiram esse nome por "KURIOS", Senhor.
Portanto, quem diz que Baal é o mesmo deus dos hebreus comete um erro elementar, ignorando completamente a história da Salvação. Outra coisa seria estudar a relação da religião de Israel com as religiões dos povos que confinavam com os hebreus. Esse estudo é válido e muito comum nas pesquisas bíblicas. Mas a conclusão dele, em momento algum conduz a identificar o Deus dos hebreus com os deuses dos povos vizinhos.
A Bíblia foi modificada?
Não é verdade. Esse livro é um exemplo perfeito de como um povo, com sua fé, foi capaz de preservar um escrito dos perigos inerentes aos séculos de transmissão necessários para entregar em nossas mãos uma obra literária e de fé que nasceu há mais de 2 mil anos atrás.
Quando, há cerca de 65 anos, foram descobertos importantes manuscritos na zona do Mar Morto muitos pensaram que a Bíblia, os erros de transmissão seriam desmascarados. Os sensacionalistas imaginavam que o texto Bíblico tinha sido manipulado, sobretudo visando defender certas teses teológicas. Todavia essa espectativa não se verificou. Ao contrário. Os textos, escondidos e conservados durante mais de 2000 anos pela aridez do deserto, demonstraram que o texto bíblico que temos hoje é o mesmo que existia há dois mil anos. Essa é uma prova eclatante de que a bíblia não foi modificada.
Por outro lado, é preciso dizer que a Bíblia passou por um processo de formação. A lista dos livros, por exemplo, foi sendo definida aos poucos. Alguns livros discutidos foram incluídos na lista oficial e outros deixados fora. Esse processo aconteceu nos primeiros séculos da era cristã. Todavia, uma vez definida lista oficial, a igreja foi muito fiel na transmissão desse texto.
Outro aspecto que precisamos ter em mente é que a Bíblia que temos em mãos não é na língua original, em hebraico, aramaico e/ou grego, mas em português. Passar um texto de uma língua para a outra, apesar de muito esforço e honestidade do tradutor, nem sempre tem como resultado uma obra perfeita. Cada tradutor tem uma formação própria, uma linha de pensamento que pode influenciar a sua versão. Isso pode ser mais ou menos marcado. Por isso é importante escolher uma tradução feita por uma equipe de especialistas, que não sejam radicais, escolher uma bíblia com uma introdução que explique os métodos de tradução, a equipe que realizou a tradução. Se não tem nenhuma explicação, não é um bom sinal.
De qualquer forma a influência de um tradutor que escolhe um modo de traducir invés de um outro pode ser facilmente desmascarado, comparando com outros textos. Na rede há muitas versões da Bíblia e hoje em dia, sem necessidade de comprar mais de uma versão, é fácil comparar. Faça essa prova, por exemplo, usando o site da Sociedade Bíblia do Brasil, que traz diferentes versões da Bíblia, embora sejam todas protestantes. Nesse site encontra versões da Bíblia Católica.