A sua pergunta provavelmente nasce de alguma experiência concreta que desconhecemos. Talvez você experimentou conversar com algum "doutor" que não lhe deu a luz que você esperava. Ou quem sabe viu tanta sabedoria em uma pessoa simples, que pode até nem saber ler e escrever. São situações que vivemos no nosso dia a dia e realmente nos questionam. Todavia não é correto contrapor o estudo à fé e à sabedoria colocando em contraste a razão e a fé. Há muitos estudiosos arrogantes que suscitam eventuais repugnâncias em relação ao estudo. Contudo uma fé verdadeira busca ententer. Essa busca pode ser feita através da meditação, da contemplação, mas também através do estudo.
O Espírito de Deus fala também aos estudiosos. Os biblistas, por exemplo, não são simples estudiosos, mas homens de fé, que acolhem o espírito. Uma pessoa sem fé não consegue ler e estudar corretamente a Bíblia.
Em termos de teologia, o consórcio entre fé e razão foi um tema já discutido no passado. Penso serem muito eloquentes as palavras de Agostinho:
Não pensemos que Deus odei a razão, em virtude da qual nos criou superior aos outros seres animados. Que não pensamos que a fé nos impeça de encontrar ou buscar as explicações racionais daquilo que cremos, visto que não poderíamos nem mesmo crer se não tivéssemos a alma racional. Por isso, tratando-se de verdades inerentes à doutrina da salvação, que ainda não podemos compreender com a razão (mas um dia poderemos), à razão prece a fé; ela purifica a mente e nos faz capazes de perceber e defender a luz da suprema razão divina: isso também é uma exigência da razão (Santo Agostinho, Carta 120,1.3)