Esse versículo conta como foi o concebimento de Jesus, por obra do Espírito Santo. E, nesse contexto, Mateus diz que Maria era casada com José, mas ainda não moravam juntos. Lucas 1,26-38 conta essa história de forma mais detalhada.
Para entender o quadro descrito pelos dois evangelistas (Maria casada, mas ainda não morando com José) precisa considerar os costumes daquela época. Primeiro de tudo precisamos ter presente que o casamento não era uma escolha individual, pessoal, mas fruto de acordos entre as famílias. A menina era prometida a um menino, às vezes já na época do nascimento. A promessa significava já o casamento, embora ainda não morassem juntos. Foi isso o que aconteceu entre Maria e José: um era destinado ao outro, embora ainda não convivessem. Isso significa que Maria era já casada, embora não morasse com seu marido.
É fácil imaginar o escândalo que podia provocar uma mãe solteira naquele tempo: José, vendo Maria grávida, sabia bem que o filho que Maria trazia no seu ventre não era seu e por isso podia denunciá-la diante do sacerdote, segundo Números 5,11-31. José, sendo justo e conhecendo a integridade da sua prometida esposa, não quer que Maria seja tida como uma infiel, incorrendo inclusive na pena de apedrejamento (veja Deuteronômio 22,20s) e não a acusa diante do sacerdote. Mas mesmo assim, como era seu direito, queria repudiá-la, isto é, queria separar-se dela, não a queria mais como esposa. Todavia, aparece a ele o anjo em sonho e lhe diz que o menino é obra do Espírito Santo e que ele não deve temer em receber Maria em sua casa. José então decide voltar atrás e casar-se com Maria (Mateus 1,18-25).