O primeiro passo que daremos para responder a sua pergunta é esclarecer o uso da palavra Israel, para não criar confusão.

Israel é uma palavra hebraica ("Deus Governa" ou "Deus combate") usada para várias realidades:

1. Um monumento do Egito de 1000 anos antes de Cristo fala do "povo de israel" como de um povo nômade, que morava na região da palestina.

2. foi o nome que Deus dá a Jacó depois da luta que ele travou com o anjo do Senhor (Gênesis 32)

3. O reino de Israel: uma parte do território da Terra Prometida, cuja capital foi Samaria

4. o país atual de Israel, que nasceu em 1948 por uma decisão da ONU de 1947.

 

Samaria capital de Israel - Jerusalém capital de Judá

Dessa aclaração percebemos que há alguma confusão na sua pergunta. A Samaria pertencia ao Reino de Israel, que juntamente com o reino de Judá formava a Terra Prometida, depois da morte de Salomão. A pergunta, colocada de modo correto, deveria ser: por que existe o conflito entre Israel e Judá, entre Samaria e Jerusalém?

 

Um pouco de história

Quando Salomão morreu, o reino que até então era unido, foi dividido em dois: Sul (Reino de Judá - capital Jerusalém) e Norte (Reino de Israel - capital Samaria). A volta à união desses dois reinos foi um sonho perseguido pelos profetas durante alguns séculos, mas se tornou impossível por causa das conquistas dos reis estrangeiros.

O reino de Israel (Reino do Norte cuja capital era Samaria) foi conquistado pelos Assírios e perdeu autonomia no ano 722. O reino de Judá (Reino do Sul cuja capital era Jerusalém), invés, continou sua existência ainda por quase 200 anos, até ser ele também conquistado pela Babilônia.

Quando os habitantes do reino de Israel (capital Samaria) foram conquistados, os ocupantes assírios colocaram na região o culto dos seus deuses. E muitos moradores hebreus daquela área sofreram um sincretismo religioso. Do ponto de vista dos hebreus do Reino de Judá (Jerusalém), esses hebreus da Samaria se contaminaram e não eram dignos de estarem juntos. Passou a existir então dois templos, um na Samaria e outro em Jerusalém e até na época de Cristo houve contraste entre eles: os samaritanos não aceitavam a religião praticada em Jerusalém e os de Jerusalém não acolhiam os samaritanos.

 

Jesus e os samaritanos

Os samaritanos nos evangelhos são apresentados como um povo excluído. Mas Jesus procura dar dignidade a eles. Pensemos, por exemplo, na parábola do bom samaritano, que é colocado em contraste com o sacerdote de Jerusalém.

Muito importante é também a conversa de Jesus com a Samaritana no poço (João 4). A samaritana diz a Jesus:

Nossos pais adoraram nesta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar. Jesus lhe disse: "Crê, mulher, ve a hora em que nem nesta monhtanha nem em Jerusalém adorareis o Pai (...) os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade".

 

A divisão perdura até hoje

Hoje, na região da Samaria ainda existe uma pequena comunidade de samaritanos. Eles seguem um ritual próprio e até hoje não se reconhecem e não foram reconhecidos como judeus, embora pratiquem praticamente a mesma religião, seguindo principalmente os primeiros 5 livros da Bíblia, o Pentateuco.