São várias perguntas em uma. Começamos por aquilo que você chama "período interbíblico".
A nomenclatura correta é "intertestamento", pois de fato não temos várias bíblias, mas sim dois testamentos. Trata-se do período de tempo, dois ou três séculos, que separa os livros do Antigo Testamento e aqueles do Novo Testamento. Falando em termos de personagens, poderíamos dizer que é o período que vai do profela Malaquias até a vinda de Cristo. Esses séculos são ditos "de silêncio", pois não foram escritos livros, em hebraico, que entraram na lista dos livros bíblicos. Os judeus dizem que o "céu se fechou" e o Espírito deixou Israel.
Há várias questões inerentes à datação desse período, principalmente no que se refere a Malaquias, que seria o último livro da bíblia hebraica, escrito cerca de 450 anos antes de Cristo. Na verdade não sabemos bem quando, por exemplo foram escritos Esdras e Neemias; provavelmente depois de Malaquias. O mesmo vale para o livro de Daniel.
A situação é ainda mais complexa se consideradas versões cristãs da Bíblia (exceto a protestante). Por exemplo, nós católicos, em nossas bíblias, temos 7 livros que foram escritos depois desse tempo. Eles foram escritos em grego e não fazem parte da bíblia hebraica e nem da versão protestante (Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácide) e Baruc). Nele temos, por exemplo, a história dos Macabeus, que com a própria fidelidade religiosa combateram soberanos que queriam extirpar a religião do povo. O livro da Sabedoria provavelmente foi escritos apenas há algumas décadas antes de Cristo.
Literatura intertestamentária
Quando se fala de literatura intertestamentária a concepção que se tem é principalmente a respeito de escritos judaicos desse tempo, que não entraram na Bíblia. Ela tem 3 grandes divisões:
literatura apocalíptica: pouco antes de Cristo apareceram muitas obras de estilo apocalíptico. São escritos atribuídos a figuras bíblicas do passado. O exemplo mais famoso é o Livro de Henoc, mas há várias outras obras: Apocalipse de Esdras, Apocalipse de Baruc, Apocalipse de Elias, Livro dos Jubileus, Testamento dos 12 Patriarcas, Assunção de Moisés, Salmos de Salomão, etc.
Targum: são basicamente traduções da bíblia do hebraico para o aramaico. O hebraico não era mais falado pelo povo e então os judeus traduziam os textos, acrescentando comentários a eles. Esses textos eram usados nas sinagogas, nas celebrações.
Haggadá e Halajá: são os comentários dos rabinos e estudiosos e as recompilações das tradições orais do judaísmo. Tudo isso, mais tarde, foi colocado por escrito e como resultado formaram-se a Mishná e o Talmud.
Também não podemos deixar de mencionar, como literatura desse período, os manuscritos do Mar Morto, encontrados em Qumrãn no século passado. A biblioteca ali encontrada traz importantes textos do período intertestamentário.
Para estudar mais, você pode ver esse PDF que traz um artigo de André Paul, excelência nesse assunto.
Política do período intertestamentário
É um outro grande tópico, que precisa ser abordado com muitas palavras. Damos aqui só uma visão geral concernente ao mundo bíblico.
Depois do Exílio em Babilônia, que terminou em 538 antes de Cristo, a região da palestina era de domínio Persa. Nesse período colocamos as missões de Esdras e Neemias que restauram a vida judaica.
Depois dos persas vieram os gregos, a época helenística, que domina a região por quase 300 anos, de 333 até 63 antes de Cristo. Nesse período encontramos os vários Ptolomeus e também Antíocos. Trata-se das dinastias dos Lágidas e dos Selêucidas.
No período em que a Judéia estava sob o domínio dos Selêucidas aparece Judas Macabeu, sacerdote que segue Matatias e que se revoltam contra Antíoco IV. Israel consegue um pouco de influência no mundo político, principalmente com Jônatas, que é Sumo Sacerdote.
Em 63 antes de Cristo Pompeu conquista Jerusalém, que passa sob o domínio romano, que é a situação quando Jesus nasce.
Nesse link, em espanhol, encontra mais detalhes sobre o período histórico em questão.
A Septuaginta (LXX)
É a tradução da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento da Bíblia Protestante) em grego, feita no período intertestamentário. É uma obra feita em Alexandria, no Egito, onde viviam muitos judeus que não entendiam mais o hebraico. Por isso as autoridades religiosas decidiram chamar 70 espertos de Jerusalém, que traduzissem o texto bíblico para o grego. Daí deriva o nome da versão, da tradução.
Essa tradução teria sido feita por volta do ano 300 antes de Cristo. Existe uma carta, chamada "Carta Apócrifa de Aristeas) que diz que Ptolomeu II manda traduzir para o grego a Lei pelos LXX. Esse soberano governou de 285 até 246 antes de Cristo.