Na verdade Jesus não foi um Sumo Sacerdote, entendido como função histórica. Ele é assim chamado, é verdade, mas não exerceu historicamente essa função como era concebida no templo de Jerusalém.
O título de Sumo Sacerdote atribuído a Jesus aparece na Carta aos Hebreus:
Convinha, por isso, que em tudo se tornasse semelhante aos irmãos, para ser, em relação a Deus, sumo sacerdote misericordioso e fiel, para expiar assim os pecados do povo (Hebreus 2,17)
Temos, portanto, sumo sacerdote eminente, que atravessou os céus: Jesus, o Filho de Deus (Hebreus 4,14)
É um título dado a Cristo e tem um significado que transcende à função que o título relembra. Ele assume as funções do Sumo Sacerdote, executando-as de forma perfeita, plenamente.
Do ponto de vista da Carta aos Hebreus, a função sacerdotal de Cristo se realiza nos "céus": sentado à direita de Deus, ele pertence, juntamente com Deus, às realidades imutáveis e definitivas: o seu sacrifício, realizado uma vez por todas, possui valor perfeito e eterno. Veja especialmente Hebreus 8.
O Sumo Sacerdote
O Sumo Sacerdote, em hebraico é chamado "grande sacerdote" (kohèn gadòl), era, digamos genericamente, o chefe da classe sacerdotal. Era um papel que se ligava à descendência de Araão, o primeiro Sumo Sacerdote, irmão de Moisés. Era um carto hereditário, mas nem sempre foi assim, principalmente a partir do período helenístico, quando a nomeação era um direito do imperador que reinava. O mesmo aconteceu no tempo de Herodes, que nomeou 6 diferentes Sumo Sacerdotes. Nesse mesmo período, ele era também o chefe do Sinédrio.
A descendência ligada à Araão é estabelecida da própria Bíblia (Levítico 6,15): ou seja, passava de pai para filho. Se um desses sacerdotes não tivesse filho, cabia ao irmão mais próximo em idade a assumir a função.
Era ungido para desempenhar tal funçao e em tempo antigo durava até a sua morte. No tempo de Cristo, por exemplo, invés, havia mais de um sumo sacerdote (Caifas era aquele que desempenhava a função e Ana tinha sido o predecessor).
Ele usava vestimentas especiais, especialmente um peitoral onde estava escrito o nome das 12 tribos. Era ele que oferecia o sacrifício da manhã, o Tamid, no Templo. Era o único que podia entrar no "Santo dos Santos", a sala mais sagrada do Templo de Jerusalém. Entrava apenas uma vez por ano, quando se oferecia o sacrifício pela expiação do pecado do povo, na festa do Yom Kippur.