“Israel amava mais a José do que a todos os seus outros filhos, porque ele era o filho de sua velhice, e mandou fazer-lhe uma túnica adornada.”
A frase hebraica כְּתֹנֶת פַּסִּים kethoneth passim é traduzida como túnica de muitas cores, mas alguns sugeriram que a frase significa apenas “túnica de mangas longas” ou “tunica longa listrada”. Em nenhum lugar da Bíblia está escrito que a túnica tivesse sete cores.
A septuaginta traduz a palavra “passim” como ποικίλος poikilos, que indica “muitas cores”
Kethoneth passim em hebraico há outras interpretações. Segundo a Bíblia era uma roupa real, como está escrito: “Ela trazia uma roupa de muitas cores de mangas compridas, porque assim se vestiam as donzelas filhas do rei” (2Sam 13,18 ). Neste versículo, que fala de Tamar, a filha de Davi, a expressão é a mesma que aparece no livro do Genesis 37,3 em relação à túnica de José. A palavra passim pode ser traduzida como 'colorida' (Septuaginta), 'bordada' ( Ibn Ezra ; Bachya ; Ramban em Êxodo 28,2), 'listrada' ( Ibn Janach ; Radak, Sherashim) , ou 'com desenhos' (Targum Yonathan). Também sugere que pode ser uma roupa comprida, com a manga comprida até a palma da mão ( Rashbam ; Ibn Ezra ; Baaley Tosafoth ; Bereshith Rabá 84), e até os pés ( Lekach Tov). Alternativamente, a palavra denota o material de que a túnica foi feita, que era de lã fina (Rashi) ou seda (Ibn Janach). Assim, kethoneth passim, pode ser traduzida como “um manto com mangas compridas” ,”uma túnica de várias cores”, “um casaco que chega aos pés”, uma “túnica ornamentada”, “um robe de seda”', ou “uma capa de lã”.
Como vemos, a tradução dessa expressão é assunto para muitos debates. Depende do tradutor e da interpretação, por exemplo, alguns dizem que túnica era bordada com cores entrelaçadas no tecido criando padrões diferentes. Sendo assim, haveria um significado específico para cada cor, o vermelho simbolizaria a autoridade, o branco, a santidade ... Para outros essa túnica multicolorida representaria a transmissão da profecia de Jacó a seu filho ou o favor divino.
Em todo caso, esta túnica, presente de Jacó a seu filho preferido, foi um dos motivos para o ciúme e como consequência, seus irmãos o jogaram numa cisterna e inventaram uma mentira para o pai, dizendo que um animal selvagem tinha devorado seu filho.