Esse é o grande dilema da nossa fé. E pode ter certeza que você não foi a primeira a se questionar sobre esse argumento. Desde o início do cristianismo essa pergunta pairou no ar. Não é fácil ver um Deus nascer, como um ser humano, e morrer numa cruz. Mas o cristão é convidado a ver muito além disso, entender o mistério da encarnação, morte e ressurreição de Cristo. É, obviamente, se não acreditamos que Cristo ressuscitou, vã é a nossa fé (1Coríntios 15).
Jesus e Deus - A trindade
No início da Igreja, a relação de Jesus com o divino, com Deus, era muito debatido. Teólogos foram condenados e concílios foram realizados para derimir a questão. A situação mais emblemática é a do ARIANISMO (de Ario, o teólogo que a protagonizou), uma doutrina que nasceu no período em que se discutia sobre a relação das 3 pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, especialmente a relação entre o Pai e o Filho. Ário não negava a Trindade, mas dizia que o Filho era subordinado ao Pai e não da mesma natureza, como invés afirma o Concílio de Nicéia (no ano 325) e verdade que entrará no Creio e passará a ser parte da fé cristã.
Para o arianismo não era possível que Deus gerasse um filho e que esse filho morresse na cruz. Isso não é fácil nem mesmo para nós hoje. Essa é a exatamente a "novitas" trazida por Jesus Cristo.
O Novo Testamento nos apresenta a íntima união entre o Pai e o Filho; unidos mais distintos: O Logos que desde sempre se dirige ao Pai (João 1,1), recebe tudo dEle (João 6,23). Se o Pai tem a iniciativa, sendo o princípio, o Filho é receptivo e acolhente.
Dessa forma o evento Jesus Cristo entra na lógica da única divindade de Deus. Teologicamente falando, o fato que Deus seja Deus só podemos descobrir através de Jesus.
Essa certeza já aparece bem cedo na fé cristã, como podemos ver, por exemplo, na fórmula do batismo, em Mateus 28,19:
Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filnho e do Espírito Santo.