Não sabemos o seu nome. É uma história inventada e o personagem que acudiu o homem em dificuldade não tem nome, nem na Bíblia nem na tradição. É verdade que na estrada que de Jerusalém desce até Jericó há um lugar que recorda essa história contada por Jesus, mas é um local simbólico e não histórico (veja foto ao lado).
A parábola
A narração começa com um doutor da lei, isto é, alguém profundo conhecedor da Lei do Antigo Testamento, da Torah, a Lei de Moisés, que interroga Jesus sobre o que é necessário para obter a vida eterna. Respondendo, Jesus pergunta a ele o que diz a Torah a tal propósito. Então o esperto na Bíblia responde citando Deuteronômio 6,5 (amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças) e a lei paralela, presente em Levíticos 19,18. Jesus louva a sua resposta e o convida a comportar-se conforme aquilo que disse. Então o doutor da lei pede que Jesus lhe explique quem é o seu próximo. É nesse instante da conversa que Jesus conta a parábola, que encontramos em Lucas 10. Um homem é atacado no meio da estrada por vagabundos, que o deixam machucado. Passam 3 pessoas que o veem jogado, em dificuldades. Só o Samaritano o socorre. Jesus, então, pergunta ao doutor da Lei, com quem conversava: quem dos 3 foi o próximo do homem ferito. Este responde que foi "aquele que teve compaixão". Jesus, em consequência, convida o doutor da Lei de "ir e fazer o mesmo".
Historicidade das parábolas
Há várias parábolas nos evangelhos. A do Bom Samaritano é, provavelmente, a mais famosa. Não contam fatos históricos, mas são anedotas, figuras de linguagem usadas para transmitir uma mensagem. Pode até ser que Jesus tenha ouvido algumas delas e outras inventou a partir da observação da vida cotidiana do povo.
Não sendo um fato acontecido, não devemos nos questionar sobre elementos históricos delas. Não sabemos os nomes e sobre a vida dos personagens presentes nessas parábolas. Sabemos apenas a mensagem que Cristo quer transmitir com elas. Esse é o foco sobre o qual precisamos nos debruçar.
Da mesma forma que não sabemos o nome do Bom Samaritano, não sabemos também quem são as virgens prudentes, quem é a mulher que perde uma dracma, uma moeda, o administrador fiel, o nome do filho pródigo ou do semeador.
Mensagem da Parábola do Bom Samaritano
A mensagem é muito evidente e simples: Jesus fala do grande mandamento, o amor ao próximo. E a mensagem foi tão eficaz que até hoje em dia, mesmo em contexto não religioso, costuma-se dizer que alguém que ajuda o outro é um "bom samaritano".
É claro que há elementos nessa parábola que poderiam ser explorados para que a nossa compreensão da mensagem seja enriquecida. Por exemplo, poderíamos sublinhar que o Samaritano, aqueles que viviam na Samaria, não eram bem vistos pelos habitantes de Jerusalém, por questões religiosas. Portanto, uma pessoa de Jerusalém que socorre um samaritano não era apenas movido pela compaixão, mas alguém que deixava de lado a separação, os preconceitos e a exclusão a priori das pessoas.