O fato que os discípulos, por um tempo, logo após a morte de Cristo, voltaram a suas atividades ordinárias é deduzível a partir de uma das aparições de Jesus, como contada em João, no último capítulo do seu Evangelho (João 21): "Jesus se manifestou aos discípulos, às margens do mar de Tiberíades". Os outros evangelhos não falam desse evento, invés, sublinham como todos os dias, após a ressurreição, estavam em Jerusalém, de onde inclusive, 40 dias após a ressurreição, Jesus sobe aos céus (Atos dos Apóstolos 1).

Não sabemos exatamente se os discípulos voltaram às próprias atividades após a morte de Cristo. Parece historicamente pouco provável.

É óbvio que mesmo após a ressurreição de Cristo aqueles que o seguiam continuavam o processo de discernimento, o crescimento na fé. Era tudo novo para os apóstolos: uma vida nova se era revelada. Diante da novidade, não é fácil deixar tudo e seguir adiante. As certezas são poucas. No meio de tudo isso teve a morte, um sinal de desespero e ocasião propícia para abandonar um ideal, deixar de lado a nov aestrada tomada e voltar atrás. Mas não se pode voltar atrás: é preciso estar em Jerusalém, onde aconteceu o mistério salvífico. E depois, de Jerusalém, propagar essa novidade para todo o mundo. Coisa que acontece na vida dos apóstolos, como se vê claramente no relato de Lucas (Atos dos Apóstolos) sobre a igreja nascente.

 

João 21 é histórico?

O último capítulo de João é uma elaboração redacional, onde se mistura uma pesca milagrosa, provavelmente acontecida durante o ministério de Jesus, com a tríplice confissão de fé de Pedro. Portanto não deveríamos tomar esse relato como base para elaborar teorias sobre a história dos apóstolos depois da morte de Cristo.

 

Pedro pescador

Normalmente damos esse título a Pedro. Ele, antes da chamada de Cristo, era pescador no lago da Galiléia, junto com seu irmão André. Até hoje, quando vamos naquela região, é comum comermos o "peixe de São Pedro". Mas com a chamada de Cristo a sua vida mudou. Tornou-se "pescador de homens", assim como havia predito Cristo em Mateus 4,18 aos dois irmãos: "Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens".