Assim diz o versículo citato na pergunta: Onde está o rei de Hamate, e o rei de Arpade, e o rei da cidade de Sefarvaim, Hena e Iva?
As cidades são lugares próximos a Israel e em comum tem um único evento: foram conquistadas pelos Assírios. Eram cidades-estados, independentes, com o próprio rei que as governava.
- Hamate: cidade hitita, ao norte de Damasco
- Arpade: cidade da síria, conquistada primeiro por Tiglat-Pileser e depois por Sargão
- Sefarvaim: outra cidade da Síria, conquistada também por Tiglat-Pileser
- Hena: cidade desconhecida, qua alguns pensam ficasse às margens do Rio Eufrates
- Iva: não é um local conhecido. Talvez é a mesma cidade mencionada em 2Reis 17 (Avva), onde se diz de onde são os Samaritanos
Entendendo Isaías 37
Essa passagem de Isaías fala de problemas diplomáticos e bélicos entre a Assíria (Senaquerib), Judá (Ezequias) e o Egito. Senaquerib, rei da Assíria, conquistou a Babilônia e fez de Nínive a capital do seu império. Suas campanhas de conquista territorial chegaram até a Palestina. Contra essas conquistas se rebelou Ezequias, rei de Judá, apoiado pelo Egito. Senaquerib penetrou no território da Palestina, saqueou várias cidades e organizou um assédio de Jerusalém, mas retornou à Nínive, sem conquistar Jerusalém.
Essa história é bem documentata. Tem várias versões. Uma delas é a bíblica.
A ocupação assíria da Palestina segundo a Bíblia
A Bíblia mostra sempre como Deus protege seu povo e o profeta e o instrumento através do qual passa a mensagem divina.
2Reis 17 conta como a cidade da Samaria caiu diante do Rei da Assíria, depois de tê-lo traído com alianças com o Egito. É o fim do Reino do Norte, que segundo o autor sagrado aconteceu porque "não obedeceram à palavra de Iahweh, seu Deus, e violaram sua aliança, não obedeceram a tudo o que prescrevera Moisés, servo de Iahwh. Não o ouviram nem puseram em prática" (2Reis 18,12). Tendo caído Samaria, fica só o Reino de Judá, com a capital Jerusalém. 2Reis 18 e 19 conta como o Rei da Assíria também afligiu o reino de Judá, tomando todas as suas cidades fortificadas, pois, como dito acima, Ezequias tinha se rebelado contra a Assíria. Ezequias se deu conta do seu erro e enviou uma quantidade de bens à Assíria para obter o perdão. Mas mesmo assim os Assírios marcharam contra Jerusalém. Ezequias então pediu, no Templo, que Deus ajudasse o povo. É aqui que o profeta Isaías entre em ação, dizendo que Iahweh viria socorrer Jerusalém (2Reis 19,20 seguintes e também Isaías 37). Naquela noite um anjo do Senhor passou e matou 185 mil soldados assírios. Senaquerib, então, se retirou para Nínive, onde foi assassinado pelos filhos.
Versão Assíria da ocupação da Palestina
No British Museum existe um escrito que conta a versão Assíria da relação entre Senaquerib e Ezequias. O texto diz:
"Quanto a Ezequias, o judaico, ele não se submeteu ao meu jugo. Eu montei cerco em 46 de suas cidades fortificadas e em incontáveis pequenas aldeias; a tudo conquistei usando rampas de acesso que nos colocaram perto das muralhas (...). Eu expulsei 200.150 pessoas, jovens e velhos, homens e mulheres, cavalos, mulas, jumentos, camelos, gado grande e pequeno além da conta, e a tudo considerei como pilhagem de guerra. Ele mesmo eu o fiz prisioneiro em Jerusalém, na sua residência real, como um pássaro numa gaiola. (...) Suas cidades que eu saqueei, eu as tomei de seu país e as dei todas a Motinti, rei de Asdode, a Padi, rei de Eglon, e a Sillibel, rei de Gaza. Dessa maneira, eu reduzi seu país, mas ainda aumentei meu tributo".