Celia, não tenho certeza se entendi corretamente a sua questão. Apesar disso, quando falamos de Verônica, no contexto cristão, lembramos a mulher que, enquanto Jesus carregava aos ombros a cruz no caminho do calvário, corajosamente, enxugou o rosto de Cristo, sujo de suor e sangue dos sofrimentos da paixão. O rosto de Jesus, depois do seu gesto, fica marcado na toalha. Portanto Verônica não cobre o rosto, mas enxuga o rosto. A razão do seu gesto pode ser explicada como um ato de fé, de compaixão, de coragem.

Como já tivemos oportunidade de dizer neste site, na Bíblia não aparece a história de Verônica, mas é fruto da tradição que vem sobretudo dos apócrifos. A históiria aparece pela primeira vez no livro apócrifo "Atos de Pilatos". No capítulo 7 desse livro encontramos uma passagem que narra o ato corajoso de Verônica. Essa mulher, segundo esse apócrifo, é a mesma que foi curada por Jesus, depois que ela lhe tocara o manto (veja Lucas 8,43-48). Essa mulher se chamava Bernike, em grego, que em latim é Verônica.

Embora não exista este episódio na Bíblia ele faz parte do ritual da Via-Sacra, celebração comum entre os católicos e os membros da Igreja Anglicana; é a sexta estação. Em Jerusalém existe inclusive uma capela que recorda este acontecimento. A via sacra, que nasceu com o franciscanismo, na Idade Média, reconstrói e comemora a via dolorosa de Cristo no caminho do Gólgota. O pano considerado como aquele usado por Verônica foi conservado em Roma até 1600. A sua existência é testemunhada também por Dante, na Divina Comédia (Paraíso XXXI, 103-108). Hoje alguns crêem que o véu se encontre em Monoppello, Itália. Na Igreja Católica Verônica é considerada uma santa, a patrona da França e a protetora das lavadeiras.