O Deus violento do Antigo Testamento não existe. Aquilo que existe é uma impressão sobre Deus, que difere daquela presente no Novo Testamento, anunciada por Cristo. A nossa impressão de que Deus é violento no Antigo Testamento se baseia na concepção errônea que temos quando pensamos que a Bíblia é um livro ditado, literalmente, por Deus. É um livro inspirado, mas não ditado. Os livros bíblicos foram escritos por mãos humanas e estão inseridos dentro do contexto dessas pessoas, e sofrem as visões limitadas e circunstanciais dos seus autores.
A inspiração consiste na revelação. E essa não é feita "do dia para a noite", mas aos poucos, lentamente, no decurso da história do povo eleito, através da história de Israel. Concretamente, no decurso da própria história o povo de Israel pode ter entendido que era Deus que conduzia à morte os seus inimigos e assim colocou por escrito em alguns livros. Todavia, mas tarde, descobriu que não era assim, que Deus era autor da vida e provocar morte era, de consequência, algo contra a sua natureza. E isso também foi escrito na Bíblia.
Portanto a Bíblia narra um processo, conta o caminho trilhado por um povo para descobrir a verdade sobre Deus, plenamente revelada em Cristo. Nós, mesmo vivendo depois de Cristo, podemos utilizar a narração da história de Israel para compreender em maneira mais evidente quem é Deus. E é por isso que até hoje o Antigo Testamento é necessário, não pode ser descartado.