Do ponto de vista legal e cristão, cada igreja tem suas próprias regras. Isso inclusive foi motivo de divisão, como conta a história do nascimento da igreja anglicana. Para a igreja católica o casamento é indissolúvel e só a morte cancela tal víncolo. Portanto, entre os católicos, apenas o/a viúvo/a pode casar-se novamente, na igreja.
Como já tivemos oportunidade de sublinhar aqui no site, pensamos que a doutrina de Jesus sobre o casamento é muito clara. A passagem emblemática é Mateus 19,3-6. Ela nos pode ajudar a refletir sobre a questão. O texto de Mateus tem como pano de fundo uma controvérsia entre os judeus do tempo de Cristo. Entre eles, haviam alguns que toleravam o divórcio e outros que não o aceitavam. Há vestígios de uma clássica discussão entre dois mestres daquele tempo, Hilel e Shamai, sobre os motivos que justificavam a separação. De fato, no Antigo Testamento, na lei de Moisés, o homem pode se divorsiar de sua esposa, conforme é descrito em Deuteronômio 24, por qualquer motivo (se ela não encontra mais graças aos olhos do homem). Sobre essa questão intervém Jesus. Ele diz:
Não lestes que desde o princípio o Criador os fez homem e mulher? e que disse: Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne? De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não deve separar.
O ensinamendo de Jesus é bastante claro e sublinha a indissolubilidade do matrimônio. É verdade que em Mateus, em 19,9, o texto insinua que se pode repudiar a mulher em caso de “fornicação”, mas a tendência é dizer que essa exceção é um tipo de concessão temporária dada à comunidade judaico-cristã de Mateus, visto que nos outros textos paralelos que falam dessa passamgem (Marcos 10,11s; Lucas 16,18 e 1Coríntios 7,10s) não se acena a nenhuma exceção.