Quando se reúnem cristãos pentecostais e cristãos de outras tradições, esse tema do culto aos santos torna-se uma discussão muito espinhosa e provoca somente divisões e nenhum crescimento na fé. Os catálicos (e outras tradições cristãs) retém que os santos ensinam como chegar até Deus e os pentecostais dizem que há uma substituição do papel de Deus, desempenhado pelos santos.
Há várias respostas aqui no site e, ultimamente, postamos um texto que explica bem o pensamento católico, citando o catequismo, texto oficial da teologia católica.
As contraposições aos cristãos que cultuam os santos deriva do fato que os pentecostais supõem que se trate de uma odoração, coisa que é absolutamente necessário excluir. Quem faz de um santo um deus está, é claro, praticando idolatria, que é, em substância o fato de honrar e reverenciar outra coisa no lugar de Deus. Mas, sinceramente, não acredito que seja o que aconteça com quem se coloca diante de exemplos de santidade. São pessoas cheias de fé em Deus e as imagens veneradas são consideradas sob o aspecto próprio de imagem, e tal cristão não se detém nela, que nada mais é do que uma forma de conduzir ao Deus encarnado. Exageros existem, mas não representam a regra.
Paulo e os idólatras
Paulo afirma, por exemplo em 1Coríntios 6,9, que também os idólatras não herdarão o reino de Deus. Por isso é óbvio que a idolatria faz com que a pessoa se afasta de Deus. Paulo, na verdade, nessa passagem aos Coríntios está falando dos injustos, que é situado no contexto de cristãos que não conseguem resolver dentro da própria comunidade as suas "brigas" e, no final, se diregem aos "injustos", aos magistrados não-cristãos. Parece até ironia. Pois quanto é verdade que nós não conseguimos nos colocar de acordo entre nós, por exemplo, sobre essa compreensão do culto das imagens.
O conceito de idolatria é muito amplo e não podemos limitá-la à práticas de culto aos santos ou à Maria. É uma leitura muito limitada dos conselho de Paulo. A idolatria pode ser também o fato de colocar acima de tudo uma ideia, as palavras de uma pessoa, como podem ser aquelas de um padre, de um pastor... Uma pseudo interpretação da Bíblia, o poder, o prazer, o dinheiro, etc. Toda posição extremista, radical, que exclui e se impõe como "senhor" é incompatível com a comunhão com Deus e afasta do Reino.
Paulo cita a idolatria também na bonita passagem de Gálatas 5,13-24, onde fala da liberdade e caridade: a idolatria é obra da carne, que tem aspirações contrárias ao espírito.
Nessa perícope tem uma passagem (versículos 13-15) muito significativa para nós cristãos que "brigamos". E concluo pedindo que essas palavras do apóstolo sirvam de exortação para nós quando tratamos assuntos polêmicos como esse do culto aos santos:
Vós fostes chamados à liberdade, irmãos. Entretando, que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a serviço uns dos outros. Pois toda a Lei está contida numa só palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Mas se vos mordeis e vos devorais reciprocamente, cuidado, não aconteça que vos elimineis uns aos outros.