Lutero, o pai da Reforma, que viveu há cerca de 500 anos (1483 - 1546) foi o primeiro tradutor da Bíblia para a língua alemã (foto ao lado), assim como Almeida traduziu para o português.
A definição da Carta de Tiago como uma "carta de palha" demonstra uma baixa consideração por esse escrito por parte de Lutero. Ele, em poucas palavras, não gostava desse texto. O motivo principal dessa consideração provavelmente deve ser visto na importância que, nessa carta, têm as obras de fé, isto é, a caridade, que contrasta, segundo ele, com o princípio da "só a fé" (Sola fides).
Inicialmente Lutero teve baixa consideração pelos livros de Ester, Carta aos Hebreus, Carta de Tiago, Carta de Judas e pelo Apocalipse. Todavia não os retirou da lista de livros da Bíblia. Chegou inclusive a dizer a respeito do Apocalipse, que "não via como o Espírito Santo pudesse tê-lo inspirado. Essas dúvidas sobre a canonicidade desses escritos estabam baseados também na história da igreja primitiva, que demorou para acolher tais escritos na lista oficial dos livros bíblicos.
Poderíamos mencionar aqui também a questão dos 7 livros do Antigo Testamento que causam a diferença entre as bíblias católicas (73 livros) e protestantes (66 livros). Os 7 livros escritos originalmente em grego, que não estão no elenco dos livros da Bíblia Hebraica, foram chamados por Lutero de "apócrifos" e foram colocados em um lugar especial na sua bíblia. Portanto não foram excluídos, pois para ele não eram sem valor, embora não pudessem ser usados para fundamentar a fé, pois não eram inspirados. Os 7 livros em questão são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1Macabeus e 2Macabeus.