Como sabemos, o último livro da Bíblia só pode ser bem entendito se formos muito escrupulosos em entender a simbologia usada. O Leão e o Cordeiro são dois símbolos, que carecem de um bom entendimento. De fato, parece incongruente chamar, no memso livro, a uma pessoa de leão e de cordeiro, dois animais com índoles completamente diferentes.
Vejamos os textos no livro do Apocalipse:
5,5: Um dos Anciãos, porém, consolou-me: "Não chores! Eis que o Leão da tribo de Judá, o Rebento de Davi, venceu para poder abrir o livro e seus sete selos."
5,6 seguintes: Logo em seguida, no mesmo capítulo 5 do Apocalipse, a partir do versículo 6, aparece o Cordeiro, "como que imolado", que recebe o livro da mão direita daquele que está sentado no trono. Os 4 seres vivos e os 24 anciãos se prostram diante do Cordeiro e entoam o hino de adoração.
O leão
Conforme a bênçao de Jacó, em Gênesis 49, cada filho foi comparado a um símbolo, a um animal. Sobre Judá, o pai diz (versículos 9-10):
Judá é um leãozinho: da presa, meu filho, tu subiste; agacha-se, deita-se como um leão, como leoa: quem o despertará? O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de chee de entre seus pés, até que o tributo lhe seja trazido e que lhe obedeçam os povos.
Repetindo o que já foi dito aqui no site, o leão é um animal forte, ágil, corajoso e não se intimida em enfrentar um adversário. Seu potente rugido assusta os animais que estão por perto. Seu rugido atemoriza seus inimigos. O leão é dono absoluto de seu território, zela por ele e não se deixa apanhar desprevenido, mas está sempre vigilante. Seu rugido diz aos outros animais que aquele território tem dono, tem liderança.
A primeira comunidade cristã passou a considerar a Jesus como a imagem do Leão da tribo de Judá que venceu o inimigo, foi morto na cruz, mas ressuscitou, derrotando a morte. O evangelho de Marcos é caracterizado pela figura do Leão, que mostra Jesus, o messias esperado, que vem salvar a humanidade. Jesus, o Leão de Judá, rugiu poderosamente diante do poder do mal, declarando a sua derrota. Na Sua ressurreição, Jesus mostrou ao inimigo que Ele é a autoridade, dele é o Governo na terra e que o poder do mal já está derrotado, ele não tem lugar no território de Deus.
É nesse sentido que o Apocalipse se refere a Jesus como Leão.
O cordeiro
No Antigo Testamento, antes que Jesus nascesse e também durante o seu tempo, os judeus ofereciam sacrifícios a Deus. Esses sacrifícios podiam ser ofertas de produtos da terra ou animais, sobretudo o cordeiro, que é uma filhote de ovelha. No templo, grande construção que havia em Jerusalém no tempo de Cristo, toda manhã e tarde eram sacrificados um cordeiro para a remissão do pecado, para o perdão do pecado do povo.
Desde o Antigo Testamento se esperava o Messias que tirasse o pecado do mundo. Cresceu a certeza que o Messias seria alguém que se sacrificaria para o perdão dos pecados (veja Isaías 53,10). Também Jeremias (junto com Isaías) profetizou que o messias seria como um cordeiro conduzido ao sacrifício (Jeremias 11,19; Isaías 53,7).
Foi por isso que os escritores do Novo Testamento (os evangelhos, os escritos de Paulo, carta aos Hebreus) viram em Cristo o sacrifício definitivo oferecido a Deus pelo perdão dos nossos pecados. Jesus é o sacrifício perfeito, o sacrifício definitivo: não é mais necessário oferecer cordeiros, pois Jesus é o sacrifício perfeito e definitivo (Romanos 8,3; Hebreus 10).
No Apocalipse, Cristo aparece como cordeiro imolado, capaz de pegar o livro das mãos do seu Pai, sentado no trono, reconhecido como Deus, porque adorado pelos anciãos.
Concluindo
Cristo, apresentado como leão, é o mediador da revelação: nele se concretizam as esperanças do povo de Deus.
Apresentado como Cordeiro, Cristo traz a salvação, abre o livro, se torna o mediador, capaz de trazer a salvação à humanidade.