O dízimo é um tema muito comum aqui no site. Há muita tensão devido a costumes principalmente das igrejas evangélicas, que colocam nessa prática um elemento importante do discipulado cristão. A igreja católica, por outro lado, não sublinha esse aspecto, embora seja uma prática comum também em muitas paróquias.
O dízimo é uma prática que não foi abolida por Jesus. Ele chamou a atenção para os abusos e sublinhou o verdadeiro espírito que deveria estar por trás dele, como já indicado no Antigo Testamento. Esse é o sentido que encontramos na menção que Jesus faz do dízimo segundo Mateus 23,23 (veja também Lucas 11,42):
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas.
Jesus diz que a lei mosaica (lei entendida como ensinamento e não só como preceito) havia, no seu cerne, a vontade de suscitar a justiça, a misericórdia e a fidelidade à aleança com Deus. Alguns rabinos invés esqueceram o coração da lei e se apegaram a práticas que conservavam apenas a forma, às vezes parando em coisas insignificantes, como as plantas que crescem espontaneamente, invés de focar no espírito do ensinamento. É esse espírito que precisa ser preservado e praticado e a forma pode mudar. Por isso, Jesus não diz que não é necessário pagar o dízimo, mas diz que o dízimo não significa um coisa mágica, automática, sem sentido, mas que deve ser expressão de misericórdia.
Veja, na sua comunidade, se ele é um gesto solidário ou simplesmente uma moeda de troca, um preço que se paga para "conquistar" a amizade de Deus, favorecendo, muitas vezes, realidades pouco transparentes.