A colocação da Márcia continua com essas palavras:
O crente tem que viver como louco, sem poder viver de verdade? Ou são os pastores que criaram essas regras para nos manter presos a eles? Acho que para seguir a Cristo não precisamos ficar à margem da vida! Ou estou errada?
Há vários modos de ser cristão ou, se preferirmos, diversas comunidades que escolhem maneiras diferentes de seguir a Cristo. Normalmente se diz que o católico é muito liberal e outras confissões muito exigentes nas regras de comportamento. Embora não seja exatamente assim (também dentro do catoliciso existem grupos radicais!), essa impressão revela que realmente há grupos que são muito estreitos nas regras de comportamento e outros mais amenos. Há, por exemplo, cristãos que tranquilamente tomam cerveja e outros cuja confissão proíbe. É normal nos perguntar quem está certo.
Do ponto de vista bíblico, não encontraremos fundamentos para tantas regras, pois se trata de situações que naquele tempo não existia (cerveja, internet, pornografia, etc). Portanto, acontece frequentemente o recurso à bíblia para provar certas normas que são impossíveis de encontrar lá. Outras vezes acontece o contrário: por exemplo, na Bíblia o casamento é algo indissolúvel, mas muitos relativisam essa norma.
Os grupos normalmente são legislados por regras; é uma questão antropológica. É um direito de cada associação impor certas normas para os próprios membros. Por isso vejo como lícito, por exemplo, que uma confissão peça aos membros para não usar calça comprida. Aquilo que não está correto é justificar tal prática como uma exigência bíblica. Como essa, poderíamos citar outras imposições.
É muito correta a sua afirmação, de que o cristão não pode viver à margem da sociedade; temos que estar dentro da sociedade. Todavia é também verdade que não podemos ser como vara agitada pelo vento, que pode nos levar para lá ou para cá. Temos nossas convicções e valores derivados do Evangelho e devemos influenciar o mundo em que vivemos. Eu, por exemplo, não posso entender um cristão que apoie o aborto, que seja favorável a uma lei que regularize a sua prática.
Já no tempo de Cristo existia o problema dos "pastores" que impunham pesados fardos ao povo, em nome de Deus. Naquele período eram os escribas e fariseis e hoje podem muito bem ser os padres e pastores. Contra eles ameaça Jesus (Lucas 11,42):
Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus!