Realmente é impresionante quantas igrejas existem e cada uma querendo ser "dono da verdade". É uma grande falta de caridade e falta de consciência cristã, visto que Cristo desejou que todos fôssemos UM. Onde há desunião, não há cristianismo. Infelizmente não é possível encontrar um culpado, mas em cada um de nós pode existir uma parcela de culpa.
Por outro lado, é importante ter consciência que a união não significa simplesmente unidade de pensamento. Do ponto de vista cristão - e também humano - a união supõe respeito pelo outro, pelo parecer alheio e consciência que a verdade não é só aquilo que penso, mas pode estar presente também na reflexão do meu próximo, de alguém que pertence a uma outra igreja.
Em relação à Bíblia, realmente há diferentes perspectivas hermenêuticas, dependendo do contexto da confissão cristã. Há elementos interpretativos que afastam as diferentes igrejas cristãs. Todavia penso que a Bíblia é um elemento comum, que pode server de união e ecumenismo entre os cristãos de confissão diferentes. Um caso concreto disso é a instituição nascida na década de 70, o CEBI, que promove o estudo bíblico em ambiente interconfessional.
A interpretação variada do texto bíblico, em si, não é um problema, mas uma dinâmica própria da Bíblia. Nós leitores precisamos nos "apropriar" da Bíblia, trazer para a nossa realidade, ler o seu texto a partir da nossa realidade. Como a realidade é diferente para cada pessoa, podem existir várias interpretações de cada passagem. Isso representa uma riqueza e não necessariamente uma causa de divisão. Obviamente a Bíblia não pode ser usada para explorar, para oprimir o próximo e cometer pecado. É necessário encontrar o equilíbrio entre o texto e a interpretação. Isso só vai existir se houver consciência da complexidade do texto, para a qual, muitas vezes é necessário estudo e aprofundamento.