Olá Rogério Pfaffmann Diniz de São Joaquim da Barra / SP
O que são salmos de Imprecação?
Os Salmos de Imprecação são também chamados Salmos de maldição, como o próprio nome já diz, expressam o desejo de que recaiam males sobre alguém.
Um exemplo claro de um salmo de imprecação é o de nº 82 (81). Vejamos:
1 - Deus está na assembléia divina; julga no meio dos deuses:
2 - Até quando julgareis injustamente, e tereis respeito às pessoas dos ímpios?
3 - Fazei justiça ao pobre e ao órfão; procedei retamente com o aflito e o desamparado.
4 - Livrai o pobre e o necessitado, livrai-os das mãos dos ímpios.
5 - Eles nada sabem, nem entendem; andam vagueando às escuras; abalam-se todos os fundamentos da terra.
6 -Eu disse: Vós sois deuses, e filhos do Altíssimo, todos vós.
7 - Todavia, como homens, haveis de morrer e, como qualquer dos príncipes, haveis de cair.
8 - Levanta-te, ó Deus, julga a terra; pois a ti pertencem todas as nações
Salmo 82 (81) Bíblia Almeida
Diante desse conteúdo de maldição é lícito rezar esses Salmos?
O tema no Salmo é controverso. Na Liturgia das Horas, rezada em particular nos conventos, foi excluído alguns Salmos e versículos, conforme explica no nº 131 da Instrução Geral Sobre a Liturgia das Horas:
“Os três salmos 57, 82 e 108, de caráter imprecatório, foram suprimidos do ciclo das orações do Saltério. A omissão destes textos foi motivada por certa dificuldade de ordem psicológica, muito embora os próprios salmos imprecatórios figurem na piedade do Novo Testamento, p. ex., em Ap 6,10, sem que de maneira alguma pretendam induzir a maldição.”
A “dificuldade psicológica” nada mais é que a dificuldade em conciliar estes Salmos de maldição com à fé cristã. A interpretação correta dos Salmos é feita de forma cristológica.
Portanto, os Salmos devem ser lidos de forma cristológica, ou seja, a partir de Cristo, a partir de uma espiritualidade do Novo Testamento. É por isso que todos os Salmos, na Liturgia das Horas, são precedidos de um versículo bíblico do Novo Testamento, para recordar ao orante que aquele texto, oriundo do Antigo Testamento, deve ser lido sob a ótica do Novo Testamento.
Analisando a partir deste critério é possível ler os Salmos imprecatórios, mas não como maldição. A leitura deles deve ser dupla: todas as vezes que se deparar com um versículo imprecatório, este deve ser aplicado ao inimigo de Deus, ou seja, àqueles que já estão condenados, quais sejam, os anjos, os demônios. Estes Salmos são, portanto, um combate entre o inimigo e os homens, na luta contra o pecado.
A primeira atitude, portanto, é a de ler e rezar os Salmos e versículos imprecatórios, contra o pecado e o mal.
A segunda atitude é a de ler e rezar estes salmos não como maldição, mas como profecia do que acontecerá com os maus quando chegar o Juízo Final.
Em fim devemos dar graças a Deus pela misericórdia, pelo amor, pela conversão, pelo chamado que Deus proporcionou, pois, não fosse isso, o destino seria o Inferno.
Quando passar o tempo de nossa vida e nos deparar com o Justo Juiz e a sua conseqüente Justiça, aqueles que O rejeitarem serão tratados como narram os salmos imprecatórios. Que Deus nos conserve no reto caminho e que esses salmos nos lembrem o que nos espera no final da caminhada, c