Vejo que há alguns dias aparecem aqui no site algumas perguntas que insinuam uma questão relacionada com o ciclo das mulheres. Como todos sabemos, as mulheres, em período fértil, a cada 28 dias tem o próprio ciclo. Segundo o livro do Levítico, a mulher fica impura durante 7 dias, a partir do início do ciclo menstrual (15,19). Fica impuro também que a toca e até mesmo quem toca a sua cama. A relação sexual durante esse período era proibida (Levítico 18,19). Se uma mulher tem as menstruações por mais de 7 dias, um fluxo irregular de sangue, a sua impureza termina somente no oitavo dia depois que isso termina.

Da mesma forma, é impura uma mulher depois do parto. Se nasce um menino, a impuridade dura 7 dias e se nasce uma mulher dura 14 dias (Levítico 12,1-8). Depois de 33 dias do parto (66 para uma menina), a mãe deve apresentar-se ao sacerdote com um sacrifício.

 

Puro e impuro na Bíblia Hebraica

É um tema muito difícil para nós cristãos. Objetivamente a Bíblia fala de 5 causas de impureza:

  1. Contato com um corpo morto (Números 19,11-22)
  2. Contato com corpos mortos de animais (Levítico 11,24-44)
  3. Versamento do corpo, entre os quais o fluxo mentrual e o sangue no parto
  4. A lepra (Levítico 13-14)
  5. Contato com algumas coisas sagradas (Números 19,7-10)

O primeiro ponto importante para sublinhar é que puro e impuro não são sinônimos de bom e mal. Os termos hebraicos "tahor" (puro) e "tame" (impuro) são palavras técnicas que não comportam uma conotação nem positiva, nem negativa. Para as Escrituras, o ser humano está em estado puro ou impuro, sendo uma coisa natural, um fenômeno humano em ambos os casos.

A verdade é que não temos uma palavra adequada para traduzir tahor e tame, pois puro e impuro têm em si um significado moral, mas apenas denota uma imcapacidade para entrar na presença de Deus, principalmente no que se refere ao templo. Ou seja, para a lei levítica, a pessoa podia muito bem estar impura sem ter cometido algum pecado.

 

Como aplicar isso à vida cristã?

Você pergunta sobre o batismo e outros, parece, perguntaram sobre a ceia, se a mulher menstruada pode ou não participar. Sem nenhum escrupulo, digo que podem e devem participar. As leis de impureza da mulher era uma forma, delimitada por uma cultura predominante masquilista, de sublinhar a importância do sagrado. Essa cultura hoje não existe mais e para sublinhar a importância de Deus não temos mais a necessidade de impor esses limites.

Além disso, é o próprio evangelho a nos ensinar o que devemos faze. É emblemático o caso contado pelos sinóticos (Mateus 9,20 seguintes; Marcos 5,25-34 e Lucas 8,43-48) da mulher que perdia sangue e que encontou na manta de Jesus. Ela estava ritualmente impura, conforme as leis levíticas. Quando tocou em Jesus, ficou curada. Isto é, Jesus mesmo a uma mulher tida como impura, dá a sua graça.

Se Jesus não limita a participação das mulheres no dispensar sua graça, não se importando do seu estado, poderíamos nós impor limites a elas?