Há vários aspectos que você pode afrontar. De fato as ciências são utilizadas para a aproximação com a mensagem divina transmitida pela Bíblia. Portanto, um primeiro aspecto que você pode abordar é a "Ciência como instrumento a serviço da leitura da mensagem divina".

Os estudiosos usam diversos recursos científicos para o estudo bíblico. A própria exêgese é uma ciência, aplicada à Bíblia. Como o nome diz, significa "interpretrar", "trazer para fora", dar uma explicação detalhada de um texto. Ela pode ser entendida e aplicada a qualquer obra literária, mas é especialmente usada na leitura da Bíblia. Existem muitos métodos exegéticos, muitas maneiras de explicar a Bíblia, de estudá-la. Um deles é o método histórico crítico, que analisa o contexto histórico em que o texto nasceu, tentando a partir daí esclarecer a sua mensagem (nesse link você encontra uma explicação detalhada desse método). Outros métodos podem ser a método narrativo, que se concentra como o texto é narrado, considerando os personagens, as ações e, a partir disso, foca naquilo que o autor quis transmitir. Há também o método da semiótica, que se debruça exclusivamente sobre o texto, considerando a sua estrutura, a sua lógica e também a gramática usada.

A leitura bíblica feita pelos expertos se apoia em ciências que, em si, não são diretamente ligadas à Bíblia. Por exemplo, é fundamental a contribuição que dá a arqueologia. Há poucos dias, por exemplo, foi encontrada uma fortaleza mencionada na Bíblia, da qual não tínhamos indícios físicos. Há tantas descobertas feitas por arqueólogos que ajudam a entender o contexto em que a Bíblia nasceu. Basta pensar, por exemplo, na descoberta dos manuscritos do Mar Morto, em Qumrãn, feita na década de 40, há cerca de 70 anos. Os manuscritos ali encontrados são de grande auxílio para a leitura bíblica. E o estudo dos textos de Qumran é possível graças a técnicas científicas, de grande modernidade.

Outra ciência muito usada no estudo da Bíblia é a Crítica Textual. Sabemos que não existe a Bíblia original, aquele texto que saiu da mão do autor. Há várias cópias pelo mundo afora e elas nem sempre são congruentes. As discordâncias existentes entre essas cópias de manuscritos precisam ser verificadas e os espertos, graças a uma metodologia científica muito elaborada, conseguem determinar quais das variações existentes é aquele original (veja aqui um estudo sobre isso).

 

A relação entre bíblia e ciência

Outro aspecto que pode ser focalizado é discutir se a bíblia diz coisas coerentes com a realidade científica. Poderia, por exemplo, tomar o exemplo da criação: Adão e Eva existiram? As ciências falam de processo evolutivo, invés a Bíblia diz que Adão foi criado do barro... As mesmas interrogações poderiam ser colocadas para outros textos bíblicos, como o dilúvio, por exemplo, a idade exagerada de alguns personagens bíblicos, algumas incongruências entre textos bíblicos que falam do mesmo tema.

Aqui depende da sua ideia de Bíblia, pois sei que se digo que Adão e Eva não existiram, como normalmente faço aqui no site, muitos se escandalizam. Se pensarmos que na Bíblia tudo é exato, nos enganaremos e entraremos por um caminho errado. Invés, na Bíblia tudo é verdade. A ciência gosta de coisas exatas, invés a Bíblia tem a ver com a verdade, o essencial para a vida. A Bíblia pode muito bem transmitir uma coisa que do ponto de vista pode ser inexato, mas mesmo assim transmite uma verdade. Aplicando isso a Adão e Eva, poderíamos dizer que a criação deles como se Deus fosse um oleiro provavelmente não é exata, não aconteceu exatamente assim, mas isso mostra uma verdade: que o ser humano, homem e mulher, vem de Deus.