Na Bíblia temos apenas 4 evangelhos, dois escritos por apóstolos (Mateus e João) e outros dois escritos por discípulos dos apóstolos (Marcos e Lucas). Há muitas outras obras literárias as quais se dá também o nome de "evangelho". Há alguns mais famosos e outros menos: Proto Evangelho de Tiago, Evangelho de Tomás, Evangelho árabe da infância, Evangelho de Judas, Evangelho de Gamalie... Há também outros livros que tratam de temas inerentes àqueles tratados pelos evangelhos: Livro do Nascimento da Virgem Maria, História do Carpinteiro José, História da infância de Jesus...

Para entender bem por que esses livros não estão na Bíblia, é necessário ter um pouco de noção histórica. Primeiro de tudo existe um fato cronológico; eles foram escritos bem mais tarde que os livros bíbicos. Alguns desses livros mencionados foram escritos cerca de 500 anos depois de Cristo, enquanto que os livros do Novo Testamento mais recentes foram escritos não depois do ano 100.

Sabemos bem que um dos critérios para a definição do cânon bíblico, da lista oficial dos livros que deveriam entrar na Bíblia, é a transmissão apostólica, isto é, os escritos deviam ter uma ligação íntica com os apóstolos: serem escritos por eles ou por alguém muito próximo deles. Obviamente, se um livro foi escrito quase quinhentos anos depois, essa ligação não existe.

Outro critério importante é a ortodoxia da doutrina transmitica. Muitos livros desses, ditos apócrifos, não condizem com a doutrina transmitica por Cristo. A maioria traz verdades defendidas por seitas daquele período, que os Padres da Igreja rejeitaram.

Portanto, para responder a sua pergunta, os apócrifos não entraram na bíblia por que não respondem aos critérios tradicionais da lista dos livros inspirados.

 

O valor dos apócrifos

O conjunto dos livros que você menciona até há um certo tempo foram excluídos completamente e não era nem mesmo possível consultá-los. Hoje, graças à abertura que existe, eles são muito considerados no estudo, principalmente da história da igreja. Obviamente não são considerados em nível bíblico, mas o que eles transmitem revela uma experiência concreta da comunidade cristã de um certo período. E nisso reside a sua importância.

O aspecto negativo dessa 'reabilitação' é que muitas vezes acontece que algum jornalista ou até mesmo biblista não tão escrupuloso toma algum elemento presente nessas obras e procura criar um escândalo. Esses são movimentos infundados e passam com o tempo, pois não encontram apoio da comunidade científica séria.

Hoje é possível ler os apócrifos, que são publicados pelas editoras. Há também muito material OnLine.