A pergunta continua:
No sermão do monte a Bíblia diz que Jesus vendo as multidões, subiu ao monte e começou ensinar-lhes. Se era muita gente, como ouvir o som da voz se não havia microfones?
Projetamos sempre nossas realidades no contexto bíblico. De fato, muitas vezes pensamos que então era como agora. Mas é evidente que isso não é assim. Há alguns números presentes na Bíblia que nos fazem impressão. Por exemplo, no contexto da pregação de Cristo, é dito que no milagre da multiplicação dos pães e peixes Jesus alimentou uma multidão de 5 mil homens, sem contar as mulheres e crianças. E essas pessoas estavam atrás de Jesus, ouvindo o seu ensinamento. Não temos base para dizer que isso não era verdade, mas não podemos imaginar então uma população tão grande reunida. De fato as cidades eram pequenas vilas e reunir toda essa gente significava um coisa exorbitante para a época. É mais fácil pensar que o número era mais reduzido e que as pessoas reunidas podiam escutar a voz de Cristo. É provável que o evento de Cristo reunia muita gente, a tal ponto que era necessário subir sob algum lugar mais alto, para que a multidão o escutasse, mas é certo que então não era necessário autofalantes para transmitir a sua mensagem.
Em termos de população, alguns dizem, por exemplo, que em Jerusalém moravam cerca de 45 mil pessoas, no tempo de Cristo.
Os grandes números que encontramos na Bíblia, muitas vezes são figuras de linguagem, chamadas de hipérboles. É um modo de usar uma linguagem para chamar a atenção e dar destaque a uma ideia. Isso acontece, por exemplo, quando dizemos: "estou morrendo de sono". É claro que nesse caso não corremos nenhum perigo de morte, mas a palavra é usada. Ou, por exemplo, quando Caetano Veloso diz "queria querer gritar setyecentas mil vezes como são lindos, como são lindos os burgueses". Ora, sabemos que é impossível gritar "700.000 vezes", mas isso dá a noção do exagero do ato, engrandece a ideia.
Quando você vê grandes números na Bíblia, pense que o autor está querendo engrandecer a ideia da intervenção de Deus na história.