O pastor e professor da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) foi homenageado por amigos, familiares, colegas, admiradores, alunos e ex-alunos, na sede da Escola Superior de Teologia (EST), em São Leopoldo/RS no final de abril, em ocasião do seu aniversário.

Schwantes estudou no Instituto Pré-Teológico de 1959 a 1965, percurso natural, na época, para o seguimento à Faculdade de Teologia da IECLB, concluída em julho de 1970. Aplicado nos estudos, destacou-se também como jogador de basquete. Defendeu tese de doutorado na Universidade de Heidelberg, Alemanha, sobre "O direito dos pobres", finalizada em 1974. Retornou ao Brasil no mesmo ano, sendo indicado ao ministério pastoral da comunidade de Cunha Porã, Santa Catarina. Em julho de 1978, foi a São Leopoldo para lecionar a disciplina de Antigo Testamento na Faculdade de Teologia (hoje EST). Em 1987, transferiu-se para Guarulhos, São Paulo, onde assumiu o pastorado na comunidade evangélico luterana local e passou a lecionar Bíblia na Faculdade Metodista de São Bernardo do Campo, hoje Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), onde trabalha no Programa de Pós-Graduação.
Além disso, Milton presta serviços à formação em várias faculdades brasileiras de Teologia. Dá assessoria a dezenas de entidades e grupos bíblicos de Leitura Popular da Bíblia. É incansável motivador da formação de novos/as biblistas brasileiros/as e latino-americanos/as. Publicou centenas de artigos e é autor de dezenas de livros.

Nesses seus anos de vida, dedicou 32 ao seu ministério e 28 como professor. Sua dedicação ao ecumenismo, à teologia da libertação, à Leitura Popular da Bíblia, à Bibliografia Bíblica Latino-Americana, à RIBLA, Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana, fazem de Milton Schwantes um biblista e exegeta, pastor e orientador, reconhecido em todas as áreas, dentro e fora do Brasil.

A comemoração não ficou restrita a palavras. A Editora Oikos lançou, na ocasião, o livro Profecia e Esperança: um tributo a Milton Schwantes, reunindo a contribuição de 31 autores e autoras, da América Latina e Europa, que escreveram artigos em reconhecimento ao legado do biblista (ver detalhes)

Entre os participantes estava o reitor da EST, Lothar Hoch, referiu-se a Milton Schwantes como "pastor, professor, profeta e pregador". Agradeceu a Schwantes pelos anos de dedicação à EST, onde ministrou, de 1978 a 1987, a disciplina de Antigo Testamento. Hoch disse que durante o tempo em que trabalhou com Schwantes na EST ficou claro que seria necessário "reparti-lo" com outros centros de formação, igrejas e contextos. "Não podíamos prender você aqui, e mesmo que quiséssemos você não o permitiria. Mas estamos muito felizes que a passagem dos seus 60 anos ocorra neste pedaço de chão onde estão muitas de suas raízes", sublinhou.

Representando a UMESP, o professor Lauri Wirth fez menção ao título acadêmico Doutor Honori Causa, concedido a Schwantes em 2002 pela Universidade de Marburg, Alemanha, quando o biblista foi chamado de "construtor de pontes" entre o Sul e o Norte. Em nome do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), o pastor Ervino Schmidt sublinhou o trabalho incansável do homenageado na interpretação contextualizada de textos bíblicos. "Schwantes nos lembra que a Palavra de Deus tem dimensões políticas e olha para as dores do povo latinoamericano", frisou.

O irmão do aniversariante, Édio Schwantes, recordou momentos "nem sempre agradáveis", em que teve de cuidar do pequeno Milton. "Lá em Lagoa dos Três Cantos (cidade onde moravam) não tinha fralda descartável, empregada e eu tive que fazer todo o trabalho no lugar da irmã que não tivemos, mas foram momentos de intenso convívio", relatou. O vice-presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), pastor Homero Pinto, destacou as contribuições do homenageado para o movimento ecumênico, o que fez com que a IECLB se tornasse mais conhecida no país e na América Latina.

Representando o Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) e os autores de "Profecia e Esperança: um tributo a Milton Schwantes", Luiz José Dietrich mencionou o trabalho do professor voltado ao ecumenismo e à Leitura Popular da Bíblia, "que nasceu em fidelidade aos pobres". Em nome das autoras do livro, Lúcia Weiler disse que Schwantes é um "sábio mestre da Bíblia, do povo e das academias".
Natural de Carazinho, interior do Rio Grande do Sul, Milton Schwantes é o irmão mais moço de Norberto, Arlindo e Édio. Ele perdeu o pai aos 5 anos de idade, quando veio com a mãe para Nova Petrópolis e, meio ano mais tarde, a São Leopoldo.


CEBI - Carlos e Isolde Dreher, Erny Mugge e Iria Hauenstein