A guerra dos "33 dias"viu todos os libaneses solidários com a comunidade chiita e o seu principal braço político, o Hezbollah. As antigas divergências, porém, voltaram à tona quando terminaram as hostilidades. Isso acontece em particular entre os cristãos. Hoje os partidos cristãos estão profundamente divididos em dois campos muito separados; de um lado está a corrente patriótica livre do General Michel Aoun e os seus aliados (Suleiman Frangieh e os partidos armênios), que tiveram 70 por cento dos votos cristãos nas últimas eleições; do outro lado estão os partidos que formam as "forces de 14 de março"(data da manifestação depois do assassinato do ex primeiro ministro Rafik Hariri), que hoje têm a maioria no governo e no Parlamento, entre os quais estão as Forças Libaneses de Samir Geagea, as Falanges di Amine Gemayel, o Bloco Nacional de Carlos Edde e o Partico Nacional Liberal de Dory Chamoun.

As divergências tem a ver com diversos temas: desde a attitude em relação ao presidente da república até à questão do Hezbollah e a relação com a Síria.
As "forças de 14 de março", ajudadas pelos aliados sunitas e drussos, pressionam em favor da substituição do General Emile Lahoud do cargo de chefe do estado. Todos acusam Lahoud de ser dependente da Síria e lembram que foi exatamente a prorrogação do seu mandato, por vontade de Assad da Síria, a causa da resolução 1559 da ONU e o sucessivo atentado contra Rafic Hariri. O lado oposto, invés, diz que toda a classe política que hoje está no governo era ajudada pela Síria e que a boicotagem de Lahoud feita pelos embaixadores ocidentais representa um enfraquecimento do papel político dos cristãos dentro do estado.

Sobre a questão do desarmamento do Hezbollah, as divergências não são menores. A maioria governativa era crítica com o Partido de Deus ainda antes que estourasse a guerra. Alguns partidos dizem que Hassan Narallah conduziu o país a uma tremenda destruição. Aoun, invés, é menos categórico. O general tinha assinado, em fevereiro passado, um documento com o Hezbollah, no qual reconhece o direito do Líbano à resistência até que existam territórios libaneses ocupados por Israel. Alguns dizem que graças a esse gesto a unidade nacional foi salva durante a última crise.

Se para alguns esse confronto de posições indica um pluralismo nos ambientes cristãos do Líbano, outros consideram o impacto negativo. De acordo com a imprensa libanês, os bispos locais teriam pedido a algumas embaixadas ocidentais de dificultar a obtenção de vistos de emigração com o objetivo de parar o fluxo daqueles que queriam partir. A última guerra e o embargo imposto por Israel levaram muitos cristãos a perder a confiança no país. Conforme os resultados de uma pesquisa local, 51% dos cristãos do país vêem que o seu futuro está fora do Líbano. Para eles a euforia depois da retirada dos sirianos e a "revolta dos cedros"terminou.