Essa "inimizade" está ligada à história narrada em Gênesis 3, no relato do paraíso. Ela provoca a mulher, convidando-a a transgredir o preceito de não comer do fruto da árvore que estava no meio do jardim. Por isso, a serpente foi identificada como o "Adversário", o "diabo" (veja, por exemplo, Jó 1,6) e se torna não somente inimigo da mulher, mas de toda a humanidade.
É claro que se trata de uma metáfora. De fato, a serpente na Bíblia é vista como um animal, uma criatura divina com o dom da astúcia. Jesus inclusive convida a ser prudente como as serpentes (Mateus 10,16).
É provável que o autor bíblico usou esse animal para simbolizar um diálogo que existiu, na verdade, entre o homem e a mulher, os únicos que podem censurar a transgressão.
O relato de Gênesis diz em 3,15: "porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar".
Essa frase, na qual se vê o primeiro anúncio da salvação através do Messias, foi, na pelos Padres da Igreja, ligada à Mãe de Jesus: com o Messias, sua mãe é implicada. Isto levou a alguns a ler Apocalise 12, onde se descreve a visão da mulher e do Dragão.