É uma resposta muito difícil. Envolveria dois temas: o sentido do casamento e o significado de pecado e a correspondente misericórdia divina.
Eu imagino que você conviva com uma pessoa, sem ser uma coisa oficial. Do ponto de vista bíblico, isso era algo inexistente, pois uma prática inconcebível para aqueles tempos, como também o era até bem pouco tempo atrás na nossa sociedade. Como já sublinhei aqui, em outras ocasiões, no plano de Deus, a união entre o homem e a mulher é algo para toda a vida, indissolúvel. Logicamente o comportamento humano procura se aproximar do Plano de Deus, mas existe uma distância muito grande. Isso não justifica nossas faltas, mas ajuda a compreendê-las.
Quando existe uma situação que não está conforme a vontade divina, a tendência que temos é condenar. Essa é uma característica que contradiz o próprio ensinamento divino, pois em Cristo, Deus se mostrou misericordioso, um Deus que acolhe o pecador, sempre rejeitando o pecado, é verdade.
Por outro lado, uma moral do pecado não é uma decisão subjetiva. Existe uma comunidade que caminha. O cristão vive na igreja, na comunidade. Por isso, deve se inserir no seu caminhar.
Cada igreja tem suas próprias régras em relação a um caso como esse seu. Os católicos, exatemente nesse período, estão discutindo o tema. Até agora, alguém que se separa e volta a casar não podia participar do sacramento da comunhão. Nos próximos dias sairá um documento do Vaticano que recolhe a discussão do último sínodo sobre a família. Nele encontraremos uma abertura sobre esse tema. De fato o Papa diz que os pastores da igreja precisam acolher também quem não se encontra em uma situação ideal do ponto de vista do casamento.
Acredito que o importante é não condenar ninguém por uma situação muitas vezes complexa. Por outro lado, as pessoas que convivem devem também ter consciência que a vida a dois não é uma simples prova, algo que pode começar hoje e terminar amanhã, mas sinal da comunhão querida por Deus.