A origem da sinagoga remonta ao tempo do exílio da Babilônia, e surgiu como uma forma de reunião para instruir e comunicar a Torah, os próprios escritos judeus, e também para não perder de vista os costumes judaicos no meio de tanta influência estrangeira. Ou seja, não foi originalmente destinada a servir como lugar de culto religioso, mas era um espaço de reunião, partilha, encontro, ensino e também para fortalecer laços comunitários. A sinagoga serviu, talvez mais do que qualquer outra instituição, para preservar a religião, a cultura religiosa do povo de Israel. A sinagoga nunca foi um lugar de sacrifícios como o templo de Jerusalém, e, portanto, não foi considerada como um lugar de culto no sentido mais elevado.Tanto que a palavra ‘sinagoga’ significa ‘assembleia’.
Depois, com o passar dos anos, este costume de reunir-se em assembleia foi sendo generalizado e foi tomando características próprias.
No período do Novo Testamento a Sinagoga já era uma instituição bem reconhecida. Jesus ensina, quase sempre, na sinagoga. Os assuntos de cada sinagoga e da comunidade estavam sob a supervisão de um conselho de anciãos (Lucas 7,3-5) ou chefe da sinagoga (Marcos 5,22). O chefe da sinagoga (Lucas 8,49; 13,14), presidia durante os serviços ou decidia que outros o fizessem, e nomeava homens capazes da comunidade para orar, ler as escrituras e exortar os fiéis. Não havia clero, os sacerdotes atuavam somente no Templo de Jerusalém.
Em várias partes de Israel se podem ver ruínas de sinagogas, algumas das quais podem datar da época de Jesus. Uma delas é a da sinagoga de Cafarnaum que data do século III, no entanto o Evangelho fala da sinagoga deste lugar. As congregações mais ricas embelezavam suas sinagogas com vários ornamentos e guirlandas de folhas de videira e cachos de uvas, o candelabro de sete braços, símbolo nacional de Israel, um cordeiro pascal, pote de maná e muitos outros objetos e cenas das Escrituras, exemplo bem conhecido é a sinagoga de Dura Europos que data do século IV da nossa era. Nela podemos ver uma série de mosaicos, inclusive com imagem de pessoas.
Normalmente na sinagoga havia uma mesa para a leitura e a arca contendo os rolos da lei e os profetas. Havia assentos ou bancada, pelo menos para os mais ricos membros da congregação (cf. Tg 2,2-3.).
O comparecimento era obrigatório para os homens no sábado e nos feriados. Especialistas divergem sobre os detalhes dos serviços realizados em sinagogas no primeiro século. a. C., e uma vez que a maioria dos documentos são escritos rabínicos posteriores, é difícil saber se si pode aplicar ao período anterior a 70 d. C. No entanto, o seguinte esquema pode aproximar a ordem do Shabbat na sinagoga como eram nos dias de Jesus e dos apóstolos:
1. Recitação do uníssono ‘Shema’a confissão de fé judaica, tirada do Deuteronômio 6, 4-9; 11,13-21; Números 15,37-41.
2. A parashah, ou a leitura da secção relevante da Torá (cf. Atos 13,15). A Torá, ou os cinco livros de Moisés, eram lidos inteiramente em um ciclo de três anos, e uma parte era designada para cada sábado. A Palavra era sempre lido em hebraico e quase sempre havia a tradução em Aramaico para a comunidade. Era a língua do povo que vivia nas diferentes regiões, (cf. Neemias 8,1-8). Daí vem os Targuns, que são traduções do hebraico para o aramaico.
3. O Haftarah, ou a leitura dos profetas. Não há nenhuma evidência de que havia um ciclo ou ordem na leitura dos profetas no tempo de Jesus. Portanto, o rolo era entregue à uma pessoa designada pelo chefe da sinagoga para ler, e o leitor escolhia a passagem. Foi nesta parte do serviço no qual Jesus participou da sinagoga de Nazaré (Lucas 4,16-22). E pelo exemplo que vemos em Lucas, o que lia também podia fazer a aplicação concreta daquela Palavra, fazendo uma ligação com a Torá. Em geral, os convidados, eram rabinos que estavam de passagem por aquela comunidade. Vemos vários exemplos nos Atos dos Apóstolos (13,14-16; 14,1; 17,1-2, 10-11; 18,4; 19,8).
4. O sermão era seguido pela bênção de Aarão (cf. Levítico 9,22 e Números 6,23-27. Isto era feito por um sacerdote, se houvesse um presente; caso contrário, havia uma oração. Em alguns lugares salmos eram cantados durante o serviço.
Gostaría de resaltar que o modo de celebrar o Shabbat na sinagoga também dependia de outros fatores e costumes locais. Não conhecemos tudo porque não temos documentos que provem a diversidade de culto. O essencial de todas as sinagogas era a leitura da Torá e da Haftaráh.