Não existe um texto literal, que repita as palavras que você menciona na pergunta. Todavia o que você diz é um conceito bíblico que fica evidente graças às parábolas de Jesus (vigiai por que não sabeis a hora... - Parábola das 10 virgens - Mateus 25) e aos textos de Paulo (2Tessalonicenses 3: "quem não quer trabalhar não há de comer").

A segunda vinda do Senhor, chamada de Parusia na linguagem teológica, é um tema difícil de entender (veja 1Tessalonicenses 4,13-18). Já era no início do cristianismo. Parece que haviam alguns cristãos que esperavam a volta eminente de Cristo e pensavam nisso de maneira tão radical que não queriam nem trabalhar mais (2Tessalinicenses 3).

Paulo fala claramente da Segunda Vinda de Cristo em 1Tessalonicenses 4. Aquela comunidade tinha dúvidas sobre esse tema, como temos nós hoje (veja especialmente os versículos 13 a 18). Paulo diz:

Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também os que morreram em Jesus, Deus há de levá-los em sua companhia. (...) Primeiro ressuscitarão os mortos em Cristo; em seguida nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatgados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim estaremos para sempre com o Senhor.

As palavras de Paulo têm tons vivos e uma linguagem simbólica, mas transmitem uma mensagem simples: no final das contas, estaremos com o Senhor. Como fieis seguidores de Cristo, já estamos com o Senhor. Por isso, a vida eterna, o nostro futuro, a vinda de Cristo já começou, já se realiza.

Na Segunda carta de Paulo aos Tessalonicenses, nos capítulos 2 e 3, Paulo volta a falar do assunto, com uma nova perspectiva. Ele pede para que ninguém se deixe enganar por doutrinas estranhas anunciadas por alguém que diz ter autoridade. Ele continua dizendo que antes da Vinda do Senhor deve “vir primeiro a apostasia, e aparecer o homem ímpio, o filho da perdição” (2,3), que a tradição chamará de anti-Cristo. A intenção da Carta de Paulo é principalmente de ordem prática: “Quando estávamos entre vós, já vos demos esta regra: quem não quer trabalhartambém não há de comer. Ora, ouvimos dizer que alguns dentre vós levam vida à toa, muito atarefados sem nada fazer” (3,10-11). Em outras palavras, Paulo está dizendo que a espera pela Parusia de Jesus não nos livra do compromisso com este mundo, mas, ao contrário, exige de nós um compromisso mais assíduo, pois cria responsabilidade dinate do Juiz divino. Sob essa mesma perspectiva você pode ler o texto de Filipenses 1,21-26, quando Paulo afirma não ter medo da morte, mas sublinha quanto é importante viver para os outros. Em relação ao nosso futuro, penso seja importante sublinhar três aspectos:

  1. Cristo é o Senhor: graças à sua ressurreição, os poderes do mal, os espíritos do mal foram vencidos e nós podemos confiar nele e não ter mais medo do mal e dos espíritos.
  2. Cristo está comigo: o mundo futuro já começou e não é algo obscuro. Cristo, em mim, ilumina o futuro, dando coragem para enfrentá-lo.
  3. O Juiz que volta: ele não só julga, mas também salva. Deixou-nos o compromisso de realizar no mundo o seu modo de viver, deixando para nós os seus talentos. Vivemos uma grande responsabilidade, o compromisso de renovar o mundo. A bondade divina nos dá a segurança de caminhar com grande coragem.

 

Maranà, thà! 

Paulo, quando termina a Primeira Carta aos Coríntios (16,22), coloca na boca dos membros daquela comunidade essa oração:Maranà, thà! Que literalente significa “Senhor nosso, vem”. Também o Apocalipse (22,20) termina com essa oração: “Vem, Senhor Jesus”. Essa também pode ser a nossa oração. É claro que não queremos que chegue o fim do mundo. Mas queremos que termine o mundo injusto, que se contrua um mundo melhor, onde impere o amor, a justiça e a paz. E como isso pode acontecer sem a presença de Cristo?