Começamos dizendo que nem tudo o que acontece conosco é vontade de Deus. O mal não pode ser de Deus; está em contradição com a bondade o modo de ser de Deus, que é sumo bem. Tudo o que existe de mal é fruto da decisão humana, que é governada pelo livre arbítrio. E nem podemos dizer que tudo o que acontece na nossa vida passa pela permissão divina.
É normal escutarmos pessoas de muita fé, com somplicidade, dizerem, diante de um ato trágico: "foi a vontade de Deus". É uma maneira de nos libertar de nossa responsabilidade, de colocar algo que é maior do que nós mesmos em uma esfera transcendente, divina e inalcançavel. Porém, sublinhamos como tal compreensão não é, teologicamente falando, correta.
Entre os cristãos existe muita confusão entre a justificação divina e o valor das obras humanas. Deus nos salvou uma vez por todas, graças à sua morte na cruz e a sua ressurreição! Ao mesmo tempo, lemos na Bíblia que uma fé sem obras é morta. É fácil notar como há duas tendências que, se levadas ao extremo, parecem contraditórias: se já estamos salvos, por que tenho que me empenhar?
Deus permite o pecado?
Deus colocou dentro de nós a semente, que não cresce sozinha. Existe para nós um plano divino, cuja realização depende de nós e não está garantida. O êxito é garantido, através da paixão de Cristo: a vida eterna! Todavia, sendo livres, podemos abraçar ou não o caminho que conduz à nossa realização. Abraçar tal caminho significa seguir os desígnios divino, a sua vontade, o seu ensinamento. Nosso coração não será tranquilo enquanto não trilhar o caminho divino.
As pessoas que se afastam de Deus cometem pecado, por que seguem a tendência que existe dentro de nós de não seguir a vontade divina, de fazer o mal. Tal comportamento acarreta consequências para toda a humanidade: divisão, ódio, violência, morte... Mesmo quem não peca sofre por tais ações, afinal o pecado não é só individual, mas tem um aspecto social.
Nós não somos como bonecos na mão de Deus. A nossa característica é a liberdade de abraçar o não o projeto divino. Se deixar-nos livre é "culpa" de Deus, então ele é culpado pelo nosso pecado. Se invés entendemos a liberdade como um dom, então é culpa exclusivamente nossa, que não sabemos usar como convém a graça dada.
O pecado de Adão e Eva são emblemáticos para a humanidade.