Todas as igrejas têm pretenção de terem sido fundadas por Jesus. Mas, como você lembrou, dissemos antes que aquilo que Jesus fundou foi uma igreja baseada na união e se existem tantas igrejas que, às vezes, se combatem, é evidente que não foram fundadas por Cristo.
Durante muitos séculos não existiram diferentes igrejas, emboras tenham havido ideias teológicas contrastantes. Existia uma única igreja: a igreja católica. É evidente que, com a morte e ressurreição de Cristo, houve uma comunidade nova. Enquanto Jesus foi um judeu praticante, os seguidores de Cristo, logo após a sua morte eram também pessoas não necessariamente de religião judaica. Por isso é claro que se pode falar de uma nova religião, que nasceu a partir do evento da morte e ressurreição de Cristo. Não existe um ato de Jesus, durante a sua vida, que funda a igreja. É verdade que Jesus queria implementar um novo jeito de relação com o Pai, uma religião autêntica, baseada na caminhada de fé feita pelo povo hebreu. Ele quer edificar uma Igreja (veja Mateus 16,18), que será construída a partir dos apóstolos e da primeira comundiade cristã.
Quando Jesus fala de "igreja", como em Mateus 16, está implícito o conceito de "assembleia", que era frequentemente utilizado no Antigo Testamento para indicar a comunidade do povo eleito.
Os católicos, apoiando-se principalmente nesse texto de Mateus, pensam que Pedro foi indicado como o chefe dessa igreja.
O termo "igreja", com o tempo, adquiriu cada vez mais uma extensão mais vasta: primeiro servia para definir a comunidade de Jerusalém, a igreja-mãe (Atos dos Apóstolos 8,1); depois passou a definir as igrejas da Judeia (Gálatas 1,22; 1Tessalonicenses 2,14) e do mundo fora da Terra Santa (Atos 13,1; Romanos 16,1.4; 1Coríntios 1,2; Apocalipse 1,4). Define tanto suas assembleias (1Coríntios 11,18) quanto seus locais (Romanos 16,5; Colosenses 4,15). Mas significa também a unidade teológica dos cristãos (Atos 2028; 1Cortíntios 10,32). Define também uma plenitude cósmica, como dito em Efésios 1,23 seguintes.