O "dom das línguas", conhecido como "glossolália" é uma das características da presença do Espírito Santo, especialmente relacionado com o milagre de Pentecostes, quando, como conta Atos dos Apóstolos 2, repletos do Espírito Santo, os cristãos começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimirem. O carisma da glossolalia é frequentemente testemunhado na igreja primitiva : Atos dos Apóstolos 10,46; 11,15; 19,6; 1Coríntios 14. Até mesmo no Antigo Testamento esse fenômeno aparece, especialmente ligado à profecia: Números 11,25-29; 1Samuel 10,5-6.10-13; 19,20-24; 1Reis 22,10.
É necessário ler essa realidade das línguas faladas e entenditas por todos em contraste com a história contada em Gênesis, sobre a Torre de Babel. Naquela ocasião, por causa da vontade de ser como Deus, as pessoas não se entendiam mais. Agora, com o Espírito, há todos escutam falar na própria língua, mesmo quem fala em uma língua estrangeira.
Embora considerado um dos aspectos da presença do Espírito, com certeza "falar em línguas", não é o único modo em que o Espírito se manifesta. Os dons do Espírito são vários e em cada um desses transparece o "ter o Espírito Santo". Paulo, na sua primeira carta aos habitantes de Corinto, sobretudo no capítulo 14, exatamente no contexto do dom das línguas, escreve palavras sábias sobre a hierarrquia dos carismas que derivam do Espírito, sobretudo vistos em relação ao bem comum da comunidade. Ele se vanta e dá graças a Deus de falar em línguas mais do que todos os seus interlocutores, mas sublinha que, numa assembléia, prefere dizer cinco palavras com a sua inteligência, para instruir também os outros, a dizer dez mil palavras em línguas (versículo 19). Paulo diz que, é muito importante que aquilo que é dito sirva para o bem comum. Se alguém fala em línguas e os outros não entendem, de nada serve. Nesse caso, conclui o apóstolo, « estareis falando ao vento » (versículo 9).
Outra tendência muito em voga nos cultos é a citação de algumas palavras em hebraico. Isso dá autoridade ao pregador, pois o público não tem como duvidar da sua "sabedoria" e demonstra intimidade com a palavra de Deus. Obviamente, às vezes, existem conceitos presentes em línguas estrangeiras que são dificilmente traduzíveis para a nossa e vice-versa. Nesses casos, em ambientens acadêmicos, se aconselha ensinar certas expressões próprias da língua bíblica. Por exemplo, todos nós já escutamos a palavra "agape", que significa amor fraterno. Mas acredito que muitas vezes pregadores abusam desse recurso simplesmente para dar autoridade à própria fala.