A contribuição de Lutero foi histórica. Graças a seu intenso trabalho, foi dada aos alemães a possibilidade de ler a Bíblia, traduzida dos originais, em sua própria língua. Basta pensar que até o século passado, a maioria das bíblias, principalmente no mundo católico, era em latim e muitas traduções vinham do latim e não dos originais, como fez Lutero.

Lutero, que viveu de 1483 a 1546, foi o primeiro tradutor da Bíblia para o alemão, dos originais. Primeiro fez o Novo Testamento, a partir do texto grego, da edição feita por Erasmo de Rotterdam. Essa tradução ficou pronta em 1522. Em seguida, com a ajuda de outras pessoas, traduziu o Antigo Testamento, que foi publicada em Wittenberg, em 1534, em 6 volumes (Biblia, das ist die ganze Heilige Schrifft Deutsch - "Bíblia, isto é, a inteira sagrada escritura em alemão"). O texto foi ulteriormente trabalhado, com 10 edições até o ano da sua morte, em 1546. Para o Antigo Testamento, a fonte usada foi a Bíblia de Berlim, uma revisão da famosa Bíblia de Soncino, de 1488. Mas Lutero contou também com a ajuda da versão em latino, a Vulgata, conservando a ondem dos livros que estavam nessa versão.

 

Os livros deuterocanônicos

A Reforma Protestante não aceitou como inspirados os 7 livros que aparecem apenas na versão grega do Antigo Testamento, dito "deuterocanônicos" pelos católicos e "apócrifos" pelos protestantes. Apesar desse parecer, Lutero traduziu esses livros e os colocou como apêndice de sua Bíblia e reconheceu a utilidade deles e o caráter edificante que têm. Também nas versões sucessivas da Bíblia protestante traziam esses livros no final, com anexos. Depois da confissão de Westminter, em 1647, foram tirados, por exemplo, da Bíblia King James. Os francese já em 1559 declararam que tais livros, "embora úteis, não podiam ser usados para fundamentar elemntos da fé". Aos poucos eles já não apareciam mais nas versões que eram imprimidas.

 

Outros livros do Novo Testamento

Lutero não tinha grande estima por quatro livros do Novo Testameno: Carta aos Hebreus, Carta de Tiago,  Carta de Judas e Apocalipse. Apesar disso, não os excluiu da sua tradução. A Carta de Tiago foi definida por ele como "carta de palha", provavelmente pelo acento que nela se dá às obras de fé, que pode contrastrar com o fundamento protestante da "sola fé". Sobre o Apocalipse, disse que "não via de maneira nenhuma como o Espírito Santo pudesse tê-lo produzido".