Jesus é Deus! Todo cristão deveria ter certeza disso. É uma verdade basilar para nós, que seguimos Jesus Cristo. Se isso não fosse verdade, vã seria nossa fé.

Na Bíblia cristã, composta de Antigo e Novo Testamento, isso é muito evidente:

  • “Ao chegar a plenitude dos tempos, enviou Deus a seu Filho, nascido de mulher" (Gálatas 4,4).
  • "No princípio era o Verbo... E o Verbo se fez carne, e havitou entre nós" (João 1,1.14).
  • “Deus não enviou seu Filho para condenar o mundo, mas que o mundo fosse salvo por Ele" (João 3,17).
  • "Deus enviou ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por meio dEle" (1João 4,9).

Assim se cumpre a promessa de um Salvador que Deus fez durante toda a caminhada do povo hebreu, contada no Antigo Testamento.

A Encarnação do Filho de Deus “não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que seja o resultado de uma mistura confusa do divino com o humano. Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem." (Catecismo, 464).

 

Jesus simples homem?

Já no século I, alguns cristãos de origem judaica, os ebionitas, consideraram Cristo um simples homem, ainda que muito santo. No século II, surge o adocionismo, que sustentava ser Jesus Cristo filho adotivo de Deus; Jesus seria apenas um homem em quem habita a força de Deus; para eles, Deus era uma só pessoa. Esta heresia foi condenada no ano 190 pelo papa Victor, pelo Concílio de Antioquia, de 268, pelo Concílio I de Constantinopla e pelo sínodo romano de 382. A heresia ariana, ao negar a divindade do Verbo, negava também que Jesus Cristo fosse Deus. Arrio foi condenado pelo Concílio I de Nicéia, no ano de 325.

 

Jesus só divino?

A Igreja também enfrentou outros erros que negavam a realidade da natureza humana de Cristo. Entre esses, encontram-se as heresias que negavam a realidade do corpo ou da alma de Cristo. Entre as primeiras, encontra-se o docetismo, em suas diversas variantes, que possui um fundo gnóstico e maniqueu. Alguns de seus seguidores afirmavam que Cristo teve um corpo celeste, ou que seu corpo era puramente aparente, ou que apareceu de repente na Judéia, sem ter tido que nascer ou crescer. Já São João teve que combater este tipo de erros: “muitos são os sedutores que apareceram no mundo, que não confessam que Jesus veio em carne" (2 Jo 7; cf. 1 Jo 4, 1-2).

Arrio e Apolinar de Laodiceia negaram que Cristo tivesse verdadeira alma humana. O segundo teve particular importância neste campo e sua influência esteve presente durante vários séculos nas controvérsias cristológicas posteriores. Na tentativa de defender a unidade de Cristo e sua impecabilidade, Apolinar sustentou que o Verbo desempenha as funções da alma humana espiritual. Esta doutrina, porém, supunha a negação da verdadeira humanidade de Cristo, composta, como em todos os homens, de corpo e alma espiritual (cf. Catecismo, 471). Foi condenado no Concílio I de Constantinopla e no Sínodo Romano de 382.

 

Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro Deus

Contra as correntes que de um lado sublinhavam o aspecto humano e de outro o divino, priorizando somente uma das duas naturezas de Cristo (monofisismo) seguiram profundas discussões, especialmente protagonizadas pelo Papa São Leão Magno e pelo Concílio ecumênico de Calcedônia, do ano 451, ponto de referência obrigatório para a Cristologia. Assim ensina: “há que confessar a um só e mesmo Filho e Senhor nosso Jesus Cristo: perfeito na divindade e perfeito na humanidade", e acrescenta que a união das duas naturezas é “sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação".

Mais tarde, no I Concílio de Constantinopla do ano 553, se interpreta a definição de Calcedônia. Após enfatizar várias vezes a unidade de Cristo, o Concíliio afirma que a união das duas naturezas de Cristo tem lugar segundo a hipóstasis, isto é, que em Cristo existem duas naturezas, a humana e a divina, cada uma com suas propriedades, e, juntas, se unem em uma substância e em uma única pessoa.