Morreu no passado sábado o rabino Jacob Neusner, um académico e autor que influenciou os estudos do judaísmo nos Estados Unidos e não só.
A influência de Neusner chegou ao Vaticano, onde o então Papa Bento XVI o citou longamente numa das suas obras de maior divulgação, a trilogia sobre a vida de Jesus Cristo.
O então Papa, que assinou os livros na qualidade de teólogo, referiu-se ao livro “A Rabbi Talks With Jesus” (Um Rabino Conversa com Jesus), para ilustrar a forma como as palavras de Cristo seriam recebidas por um judeu devoto.
Nesse livro, Neusner imagina-se sentado com os seguidores de Jesus durante o Sermão da Montanha, em que Cristo profere as bem-aventuranças. Em formato de discurso directo, Neusner enumera os vários pontos em que concorda com os ensinamentos de Jesus, mas diz-se incapaz de ultrapassar uma barreira final. Quando Cristo afirma que “o filho do Homem é Senhor do Sábado”, Neusner considera que está a ir longe de mais, uma vez que “só Deus é Senhor do Sábado”, pelo que se vê obrigado a não o seguir.
O livro é escrito num tom amistoso, não obstante a divergência final, e reflecte o empenho do rabino no diálogo inter-religioso tanto com cristãos como com muçulmanos.
O académico judeu encontrou-se pessoalmente com Bento XVI quando este visitou Washington, em 2008.
Neusner escreveu ou editou mais de 950 livros, segundo a agência americana “Jewish Telegraph Agency”, incluindo traduções de algumas das obras religiosas mais significativas do cânone judaico.
O rabino nasceu em 1932 e morreu aos 84 anos, “rodeado da sua família, como sempre quis”, disse o seu filho Noam Neusner.