Você não foi o primeiro a ter esse pensamento. Na história da igreja há uma heresia cujo fundador fez exatamente isso: uniu todos os evangelhos e propôs um texto como sendo "o evangelho" que precisava seguir. Foi Marcião, que no Século II fundou o marcionanismo e propôs o assim chamado "Evangelho de Marcião".
A teoria de Marcião, condenada obviamente pelos Padres da Igreja, em síntese, previa dois deuses: um deus do Antigo Testamento e um do Novo Testamento. A sua "edição" dos evangelhos em um único texto tirou tudo aquilo que podia contradizer a sua doutrina.
Um dos textos mais importantes contra essa posição é de Tertuliano, "Contra Marcião". O texto do Evangelho de Marcião não existe mais, apenas possíveis reconstruções, como essa proposta na Wikipedia (em italiano).
Por que 4 evangelhos?
A teoria das fontes vê muitos contatos entre os evangelistas. Temos dois blocos: os três primeiros evangelhos são muito parecidos (evangelhos sinóticos) e João, tendo muito texto somente seu, forma outro bloco. É provável que os três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) tenham tomado fontes comuns (lembramos que deles, apenas Mateus era apóstolo) e por isso muitos textos coincidem.
Apesar dessas semelhanças, cada evangelista escreveu para uma comunidade diferente e, por isso, deu uma perspectiva particular ao seu escrito. Uma história sobre Cristo, embora sendo a mesma, pode ter sido colocada em um contexto de maneira a transmitir uma mensagem particular. Por exemplo, Lucas sublinha muito o aspecto da misericórdia. Marcos, invés, é bastante breve e parece ser uma catequese. Mateus, por sua vez, sublinha como Jesus seja o Messias prometido pelos profetas.
É importante ter presente os 4 evangelhos e assim compreender as perspectivas diferentes que os primeiros cristãos tinham da vinda do Messias.
Sinopses
Existe no comércio uma instrumento muito útil para a exegese que são as sinopses dos 4 evangelhos. Essas obras colocam em relação os episódios evangélicos como contados pelos 4 evangelistas. Existem no mercado (veja aqui na Paulus), mas talvez você possa encontrar algo também na internet. Veja, por exemplo esse PDF, com a obra de Frederico Dattler.