Claro que não. A Bíblia para o cristão é formada pelo Novo e Antigo Testamento. Você é aquilo que é por todos os aspectos de sua vida; não pode aceitar só alguns e rejeitar outros. A sua infância é importantíssima para a sua vida. Graças a ela, você é o que é. Não dá para ignorá-la. Assim é o Antigo Testamento, como a nossa infância. Ele ilumina aquilo que somos, cristãos.
O Antigo Testamento mostra como Deus tomou o povo de Israel por mão e o conduziu até a revelação plena em Cristo. Essa pedagogia, historicamente acontecida com Israel, pode acontecer conosco ainda hoje. Por isso, o Antigo Testamento tem valor também para nós, que precisamos sempre de novo descobrir a Cristo como a revelação plena.
É verdade que, como na história da nossa infância, no Antigo Testamento há fatos estranhos, ações inseridas em determinados contextos que hoje não podem se repetir por causa das convicções que adquirimos, por causa do nosso crescimento. Há coisas que se faziam na infância, mas que hoje são inconcebíveis! Todavia, mesmo elas não podem ser eliminadas. Mesmo por que, como dito, podem servir para o caminhar de outros, ou até mesmo para o nosso, que, de vez em quando, caímos e retrocedemos na fé.
Em relação ao Antigo Testamento, o importante é saber que ele conta um percurso histórico de um povo, que é um texto escrito por mãos humanas, mesmo inspiradas por Deus, que foram influenciadas pelo próprio ambiente tanto em suas maneiras de conceber o mundo quanto nos costumes.
Se começarmos a interpretar o Antigo Testamento de maneira radical e sem a perspectiva assinalada acima, nasce espontânea a vontade de eliminar esses livros da nossa vida.