Os meios de comunicação estão divulgando um debate sobre o Messias e a Ressurreição, causada pela interpretação de um objeto arqueológico. Trata-se de uma pedra que contém 87 linhas escritas em hebraico, que os estudiosos crêem terem sido escritas pouco antes do nascimento de Cristo. O debate nasceu porque o texto poderia falar de um messias que ressuscitará dos mortos depois de 3 dias. Alguns dizem que se esse texto contém de verdade tal menção, a fé cristã sobre a morte e ressurreição de Jesus deveria ser re-avaliada, pois em tal caso essa tradição não seria única, mas parte integrante de uma tradição judaica.

A pedra é um exemplo raro de testemunho arqueológico, pois a escritura é feita com tinta e não esculpida. A descoberta não é recente, mas aconteceu há 10 anos, na Jordânia. Foi comprada pelo suíço David Jeselshon e hoje se encontra no Museu de Jerusalém, onde será exposta em ocasião dos 60 anos da descoberta dos manuscritos de Qumran. De fato também esse texto faria parte daquela grande coleção.

O texto não é de fácil leitura, pois a conservação não é excelente e as linhas estão pela metade, como pode ver na foto. A maior parte do texto traz citações do Antigo Testamento, especialmente dos profetas Daniel e Zacarias, onde o anjo Gabriel apresenta uma visão apocalíptica da história de Israel. Segundo os arqueólogos, entre as inscrições presentes na pedra estaria também uma passagem que conta a história de um messias ressuscitado depois de 3 dias. Isto confirmaria que uma tradição símile à ressurreição de Cristo existia na cultura hebraica antes que Jesus nascesse. Essa idéia teria sido tomada pelos seguidores de Cristo e readaptada para difundir a nova fé. Outros estudiosos, invés, são mais prudentes: eles sublinham que na pedra muitas palavras são inelegíveis e em alguns pontos desapareceram. Todavia, o professor Israel Knohl, da Universidade Hebraica afirma que "estes versos colocam em discussão a originalidade do cristianismo. A ressurreição depois de 3 dias é algo que já existia na tradição judaica antes que Cristo nascesse."De outro lado, com sem alarmismos, Daniel Boyarin, professor em Califórnia do Talmude, diz que, se o texto for verdadeiro, "alguns cristãos ficarão chocados, mas outros serão confortados pelo fato que isso era um elemento tradicional do judaísmo".

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