Maria Madalena é uma das mulheres protagonistas nos evangelhos. Era uma das mulheres que seguiam Jesus. Jesus expulsou dela 7 demônios (Lucas 8,2). Estava junto, quando Jesus foi crucificado (Mateus 27,56) e foi ela quem esteve no túmulo de Cristo, já vazio (Lucas 24,10 e João 20,1). Foi a primeira a ver Jesus ressuscitaco, com outras mulheres (Mateus 28,1-10; João 20,11-18). Essas são as informações que vêm dos evangelhos.
A ligação de Maria Madalena com a "mulher pecadora" de Lucas 7 levou muitos a ver em Maria Madalena uma prostituta. Em Lucas não existe nenhum fundamento para afirmar que eram a mesma pessoa. Da mesma maneira, não existe nenhuma menção a uma eventual ligação amorosa entre Jesus e ela.
A única coisa certa que transparece dos evangelhos é que se tratava de uma discípula de Cristo. Ela não era a única mulher que o seguia, como se pode ver no texto de Lucas 23,55, onde se fala de "mulheres" que vieram da Galileia, seguindo a Jesus.
Leituras estranhas sobre Maria Madalena
No imaginário comum existe uma imagem bastante fixa sobre essa discípula. Primeiro de tudo que ela era uma prostituta, coisa, como vimos, sem fundamento bíblico. Outra coisa que muita gente pensa é a eventual relação entre Jesus e ela. Isso não vem apenas de Dan Brown, que escreve romances inventados e muitos pensam que se trata de história.
Outro texto que influenciou ainda antes essa visão é do escritor português Saramago, que escreveu, em 1991, um romance crítico sobre a vida de Jesus, "O Evangelho segundo Jesus Cristo". Nesse romance, Maria Madalena era uma prostituta em Magdala e Jesus, depois de ter abandonado a sua casa de Nazaré, a procura e os dois acabam ficando juntos. É óbvio que é pura ficção e uma história muito crítica em relação ao cristianismo.
Ao lado desses romances, são comuns os pseudo-escândalos que aparecem em continuação na imprensa, sobre eventuais descobertas que confirmariam a tese segundo a qual Jesus e Maria Madalena tinham um caso.
Do ponto de vista histórico, tanto nos evangelhos quanto na historiografia eclesiástica, não existe nenhum fundamento que possa servir de argumento para alimentar essa hipótese.
Os apócrifos
A fonte dessa hipótese está nos apócrifos. Esse livros que falam de temas bíblicos não foram "excluídos" da Bíblia, mas são muito posteriores e vêm de ambientes intelectuais contrários à doutrina tradicional cristã. A maioria deles nasce em ambientes caracterizados por pensamentos heréticos, contrários à ortodoxia. Mas o critério principal é a datação, pois foram escritos ao menos 2 séculos mais tarde, quando a Bíblia já havia se formado como um corpo de livros. Eles nunca fizeram parte desse "corpo". Por isso não podemos dizer que foram "excluídos".
Uma das principais obras usadas em relação a Maria Madalena é o "Evangelho de Maria". Não se diz que se trata de Maria Madalena. De qualquer forma, a maioria lê como se fosse ela. Trata-se de uma obra gnóstica, que apresenta Maria como alguém que traz uma revelação importante por que íntima de Cristo. O texto diz que Jesus "amava mais a ela do que a outras mulheres".
Nesse link você pode encontrar alguns comentários sobre esse apócrifo.
Os apócrifos são livros válidos para estudar a história do cristianismo das origens, mas precisam ser lidos como muito cuidado, pois são influenciados por teologias marginais do cristianismo e certamente não têm autoridade histórica, no sentido que nós hoje entendemos por história. Ou seja, os apócrifos, quando falam de personagens bíblicos, não servem como argumento para confirmar hipóteses históricas.