A Bíblia pode ser usada de diferentes maneiras. Muitos não a deixam falar e simplesmente tomam frases isoladas para justificar fundamentalismos que são completamente estranhos à lógica divina. Não preciso fazer apologia do comportamento doutrinal da igreja católica, embora sou filho dela e retenho que exista uma tradição fundada na Sagrada Escritura que deva ser respeitada. Dessa tradição somos todos filhos, católicos, ortodoxos e protestantes. Um evangélico nascido há algumas décadas não pode ignorar os séculos de história que lhe permitem viver a sua experiência cristã.
Em relação aos santos, nomeados como tais pela Vaticano, é necessário ter consciência que houveram abusos e também influências. De qualquer forma a intenção foi sempre a de estabelecer modelos que sejam farois para iluminar a vida dos cristãos. A trasncendência divina faz com que o ser humano se apoie em fatores imanentes, como podem ser a vida de pessoas exemplares, que o conduzem até Deus, a única fonte de vida.
A Bíblia afirma que só Deus é santo, o santo de Israel (Isaías 41,14), três vezes santo (Isaías 6,3). Todavia, ao mesmo tempo, por que a Escritura precisa ser lida como um todo, 1Pedro 1,15 diz:
Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos vós também santos em todo o vosso comportamento, porque está escrito, 'sede santos, porque eu sou santo'.
É claro que só Deus conhece nossos corações e só ele nos pode julgar, mas resulta evidente que existem pessoas que são muito mais coerentes que outras em sua prática de santidade. O processo que leva à santidade canônica católica pode ser discutido, mas a santidade das pessoas não está em discussão.
Em relação aos santos do Antigo Testamento, mesmo se na tradição ortodoxa também eles são santos, como existe por exemplo Santo Elias, a falta da atribuição do título 'santo' a estas pessoas provavelmente tem razões históricas e também de respeito ao judaísmo, do qual elas também são patrimônio.