Por inspiração da divina da Bíblia se entende que a os textos bíblicos retratam a Palavra de Deus. A complexidade dessa afirmação se torna evidente quando se encontrarm, na Bíblia, textos considerados hoje pouco conformes ao ensinamento divino. Nasce, então, espontaneamente a questão: como pode ser de Deus textos que contrariam a sua vontade?
Aqui no site publicamos, há algum tempo, um estudo mais detalhado sobre esse tema. Os cristãos herdaram dos judeus a convicção de que todos os livros bíblicos vinham de Deus. Essa origem não é espetacular. Ou seja, não devemos pensar, como fizeram alguns artistas da Idade Média, que Deus ditava suas palavras para um autor escolhido. Os escritores foram instrumentos divinos, inspirados pelo Espírito Santo, para transmitir a vontade divina.
É verdade que isso não resolve o problema levantado por textos pouco harmônicos com nossos parâmetros de 'vontade divina'. Para dissipar essa controvérsia é necessário pensar que a revelação divina se dá na história. De fato, Deus se revela aos poucos; na história da relação entre Deus e a humanidade há um processo lento, um caminho pedagógico: o povo cresce, como uma criança, na compreensão da vontade divina, até chegar na revelação plena, que se dá em Cristo.
Usando uma imagem, limitada mas eficaz, se você toma um matemático, houve um tempo da sua vida em que teve que aprender a soma de 1 + 1. É uma conta básica e insignificante para alguém que sabe resolver equações complicadas, mas é fundamental como base do seu conhecimento. Além disso, por esse aprendizado devem ainda passar as crianças que hoje entram na escola. Ou seja, mesmo já sendo do conhecimento de todos que 1+1 é igual a 2, as crianças precisam aprender isso. Aplicando essa lógica à palavra de Deus na Bíblia, o povo aprendeu aos poucos a conhecer a Deus. E esse processo aconteceu dentro de sua história, passo após passo. Deus, nesse sentido, é um verdadeiro pedagogo. Além de tudo, essa dinâmica é válida ainda hoje como metodologia para aprender quem é Deus. É por isso que é fundamental para todos nós ler ainda hoje o Antigo Testamento, textos que muitos consideram obsoletos.
Deus ainda se revela?
Coloco essa pergunta ao lado da segunda questão que você apresenta, se Deus inspira outros textos religiosos. Nós acreditamos que somente os textos contidos na Sagrada Escritura são de autoria do Espírito Santo. Essa determinação nasce a partir de alguns critérios que a teologia tem determinado durante os séculos. Todavia, é evidente que outros textos podem servir como luz para nossos passos, embora não tenham a índole própria da Bíblia.
É muito importante ter consciência que a revelação divina não se limita à Bíblia. Ele se revela também através da criação e da história que continua. Podemos aqui repetir o texto da Carta aos Hebreus:
Em múltiplas ocasiões e de muitas maneiras Deus falou outrora a nossos pais pelos profetas. Agora, nesta etapa final, falou-nos por um Filho, a quem nomeou herdeiro de tudo, o mesmo por quem criara os mundos e as eras. Ele é o reflexo de sua glória, expressão de seu ser; ele sustém o universo com a palavra potente de Deus; e, depois de realizar a purificação dos pecados, sentou-se à direita de sua majestade nas alturas, tornando-se um protetor mais poderoso, que os anjos tanto mais extraordinário é o título que herdou.
Deus se revela através da criação. O livro da Sabedoria 13,5 diz: “pela magnitude e beleza das criaturas se descobre por analogia quem lhes deu o ser”.
Também a história revela Deus, embora sejam evidentes os escândalos que se mostram em contradição com o plano divino. A pessoa de fé sabe ler nas entrelinhas dos eventos a presença divina, a revelação da sua vontade.