Pedro, durante o precesso que o conduz à cruz, negou Jesus três vezes, como conta Mateus 26,69-75 e também os outros três evangelhos. Ler essa história é muito iluminadora para nós. Primeiro de tudo, descobrimos que o discípulo protagonista no seguir a Cristo não foi capaz de entender completamente a mensagem de Jesus e não pode seguir, de imediato, as consequências desse seguimento. No final, dará sua vida por Cristo, mas naquele momento ainda estava em processo, descobrindo qual era a sua vocação e o que significava abraçar o Reino de Deus.
Mais do que uma questão relacionada com o plano de Deus, trata-se de um processo vocacional vivido por Pedro. Os evangelistas estão contando que mesmo com todo o ensinamento de Cristo haviam discípulos que traíam, que escapavam, que não reconheciam seu mestre. É um ensinamento válido também para nós, pois quantas vezes fazemos coisas que não tem nada a ver com o ensinamento evangélico, mesmo nos confessando cristãos, seguidores de Cristo. Esses atos são pequenas negações, que testemunham a nossa fragilidade, parecida com aquela de Pedro no Processo de Jesus.
A negação de Pedro é algo de negativo. Deus não se compraz do que é mal e por isso não podemos dizer que se tratava de uma necessidade conforme os planos divinos. A negação de Pedro simplesmente revela a natureza frágil do homem, mas não planos divinos. Não era necessário que Pedro negasse a Cristo, assim como não existe necessidade que negamos a nossa fé, comportando-nos como se não fôssemos cristãos. A narração evangélica, porém, foi transmitida pelos evangelistas para que nos servisse de exemplo, para que mostrasse a necessidade de criar consciência sobre a nossa debilidade e, contemporaneamente, a possibilidade que nos é dada de reconhecer nossa falha e recomeçar.