Não é fácil de entender por que existe no seio do cristianismo, hoje, tanta falta de unidade. Cada um pensa ser o "proprietário" do evangelho e acredita estar na igreja mais fiel à mensagem de Cristo. O diálogo, o ecumenismo é visto como um pecado. O outro é somente ameaça e não tem nada para ensinar. Essas atitudes nascem com o egoísmo e expressam ideias anti-cristãs. Existe uma contradição muito grande nos cristãos de hoje, quando se trata de união entre as igrejas. A única maneira de superar essa fase é o diálogo, a abertura ao recíproco conhecimento.

O processo de união é necessário por que Cristo almejou que todos fôssemos unidos:

Para que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mi e eu em ti, que eles estejam em nós (João 17,21).

A unidade entre os cristãos permite um testemunho muito eficaz da mensagem evangélica e significa, em si, a proclamação do advento do Reino de Deus.

 

Os primeiros cristãos

A unidade da igreja tem um valor muito grande no livro dos Atos dos Apóstolos. É impressionante ver como Paulo está conectado com a Igreja de Jerusalém: cada viagem termina lá onde encontra os apóstolos. Esse é o elemento de união da comunidade, pois os apóstolos eram o elo entre a mensagem e a pessoa de Jesus. Essa ligação nunca deve ser interrompida. Tem uma índole sacramental e garante a nossa vontade de conexão íntima com o Cristo histórico. Esse aspecto eclesial não é fácil de ser entendido, também graças aos percursos históricos não tão exemplares.

Sei que nem todos condividem, mas não podemos pensar em igrejas isoladas, que nascem do nada. A unidade, retomando o texto de João, é um espelho que reflete a união que existe na Trindade. Como dizia Cipriano, os cristãos tem que se mostrar à humanidade como "um povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo".