Esse é um tema que sempre volta entre as perguntas aqui dos nossos leitores. É claro que o assunto tem uma repercursão muito grande por causa das conhecidas tensões existentes entre as diferentes confissões cristãs. E ele é muito tenso quando envolve o culto a Maria, a mãe de Jesus.
Primeiro de tudo, como repetida vezes o fizemos, é necessário sublinhar que os exageros não podem servir de parâmetro. De fato há pessoas que criam verdadeiros deuses, esquecendo completamente a doutrina cristã. Deixando esse extremo de lado e reconhecendo que há uma teologia profunda em relação ao culto dos santos, podemos afirmar que ele em nada tira a centralidade divina de nossas vidas. Os santos não se comportam como deuses e servem unicamente para nos aproximar dele. É um aspecto muito humano, presente em diversas realidades. Por exemplo, quando éramos crianças, há alguns anos, se precisávamos pedir algo a nossos pais, que representavam a autoridade, íamos a ele através de nossas mães, por que mais próximas.
Não é Deus que precisa da mediação das pessoas virtuosas, mas somos nós, seres humanos e limitados. Trata-se de uma necessidade humana e não divina. Essa mediação não se traduz apenas nos santos, mas também nos padres, nos pastores que fazem de ligação entre Deus e nós, leigos.
Essa dinâmica aparece repetida vezes na Bíblia. Tomamos, por exemplo, o caso de Abraão que intercede junto a Deus pelos habitantes de Sodoma, em Gênesis 18.
A nós cabe a inteligência de discernir entre o exagero e a sobriedade, como tudo na vida. De qualquer forma a mediação é um elemento típico da estrutura humana. Jesus, é verdade, é o mediador por excelência, que se torna ser humano para que também nós pudéssemos nos tornar divinos. Mas ele mesmo é Deus e como tal, é revestido de autoridade. E para chegar a ele se desencadeia a mesma dinâmica da relação entre nós e a autoridade.