Oi, Verônica. Comentei sobre sua pergunta e alguém por aqui rebateu: "e o que isso tem a ver com a Bíblia?" Invés há uma reflexão sobre esse argumento fundamentada nos textos bíblicos que, além do mais, seria muito útil nas discussões do conflito atual entre judeus e árabes. É claro que não vou tratar aqui do conflito em Israel e Palestina, nessa breve resposta.
A sua pergunta pode ser respondida em duas perspectivas diversas, que podem também serem complementares.

No mundo extra-bíblico há referências dum povo chamado literalmente "vagabundos das areias" (Ara-Bar). Esse era o vocábulo com o qual o povo egípcio designava todos os nômades semitas que giravam em volta do Egito, que depois darão origem aos árabes e hebreus. Outros antropólogos defendem que os dois povos são ao mesmo tempo os 'habiru', nômades presentes em todo lugra no Oriente Próximo, entre 2000 e 2200 antes da Era Comum. A partir deste ponto de vista, portanto, é difícil separar a etnia dos árabes e hebreus. São ambos povos semitas, nascidos no mesmo contexto.

No mundo bíblico existe a figura de Abraão, o pai espiritual das três religiões monoteísticas, judaísmo, islamismo e cristianismo. Da história de Abraão se deduz também que ele não é só pai espiritual de hebreus e árabes, mas também pai carnal. A Bíblia conta, em Gênesis 16, que Abraão não podia ter filhos com sua esposa, Sara. Esta, recorrendo a uma espécie de prática moderna da "barriga de aluguel" pede ao marido que tenha um filho com a escrava Agar. Nasce então Ismael. Mais tarde também Sara conseguirá ter um filho com Abraão, Isaac (Gn 18,13ss). O texto de Gênesis conta que houve conflitos entre Agar e Sara e por causa disso Abraão teve de mandar embora Agar, contra sua vontade, com o filho Ismael (Gn 21). Os dois vão então para o deserto, porém diz o autor sagrado, que serão sempre ajudados por um anjo enviado por Deus. E além disso, coisa muito importante, um anjo conforta Agar dizendo que também Isamael vai dar origem a um grande povo. Isso que dizer que temos duas alianças, uma feita com Abraão e sua descendência (Isaac, Jacó...) e a uma simile com Isamael e seus descendentes (Gn 21,18), os muçulmanos.
Depois, na sequência da narração bíblica, se dá muita ênfase na Aliança com os patriarcas, mas também não deixa de ser mencionado o sucesso da outra aliança, com Ismael: Isaac encontra o irmão Ismael, na vida adulta; Ismael participa ao enterro de Sara e também de Abraão (Gn 25,9); quando Ismael morre é descrito como um justo (Gn 25,17).
Quem diz que os árabes descendem de Ismael é o próprio Maomé. Podemos supor que uma separação entre os dois povos tenha acontecido quando uma parte da descendência de Abraão vai para o Egito, onde vive pacificamente (Gn 46). Depois, quando a situação no Egito mudou, com Moisés o povo sai do Egito e volta para a Palestina, onde formam uma realidade política.
Da parte árabe, os vestígios arqueológicos dizem que os primeiros reinos são do V século antes da Era Comum, com os Mineus e os Sabeus, na Penísula Arábica, onde se estabilizaram tribos nômades.

Em conclusão, há vários elementos que testemunham a origem comum, antropologicamente falando, dos dois povos. A raiz comum se dá também no campo religioso. Prova disso é que o próprio Moisés e evocado até mesmo no mome dos Muçulmanos (Moslen), que reconhecem Moisés como Profeta.