Esse personagem emblemático do Antigo Testamento, fiel a Deus, rico, que vem colocado à prova para ver até que ponto realmente é fiel a Deus, tem, antes da tribulação, 7 filhos e 3 filhas (Jó 1,2), que morreram durante um furacão (Jó 1, 18-19). Os seus nomes não são revelados.

Depois de todas as desgraças pelas quais passa, quando Jó reconquista a situação que tinha antes da tentação, recebe tudo em dobro. Por exemplo, no capítulo 1 tinha 7 mil ovelhas e no 42 diz que passa a ter 14. E em 42,13-14 é dito que teve 7 filhos e 3 filhas. As filhas se chamavam Rola, Cássia e Azeviche (Bíblia de Jerusalém). Em hebraico:  Jemimah, Qesiah e Kerem happuk.

É interessante notar que também as filhas herdaram a herança do pai e não apenas os filhos, como era normal.

Não conhecemos os nomes dos filhos. As filhas são lembradas provavelmente por que têm algo extraordinário: "não havia em toda a terra mulheres mais bela que as filhas de Jó" (45,15).

Podemos tentar explicar os nomes das filhas

1. A primeira se chamava Jemimah, que a Bíblia de Jerusalém, seguindo a tradição de outras traduções, traduz como "Rola". Não existe outro nome como esse no AT. A LXX traduziu tal nome como "dia" (Hemera), apoiando-se na raiz hebraica "jom". Na verdade, "rola" em hebraico se diz "jonah" ou "gozal" e por isso não se entende bem por que "Rola". Pode ser que o seu nome fosse "dia".

2. A segunda filha se chamava Qeṣîāh, que é o nome de uma planta cientificamente conhecida como «Laurus Cassia», conhecida como Cássia, como aparece no Salmo 45,9.

3. A terceira filha se chamava Kërën-Happûk, que a Bíblia de Jerusalém chama de Azeviche. Em hebraico,  kërën significa «chifre» (veja 1Samuel 16,13) e happûk é um tipo de maquiagem para os olhos. Portanto o seu significado seria como um "vidrinho" para a maguiagem dos olhos. De fato, o chifre era usado como recipiente para diversas coisas.

 

Uma questão sobre os nomes

É muito difícil traduzir nomes. Nomes famosos devem ser traduzidos, mas outros, menos comuns, podem ser deixados na própria língua. É isso que fazem muitos tradutores com os três nomes das filhas de Jó.

Outro aspecto importante dos nomes bíblicos é que eles não têm a lógica dos nossos nomes e não devemos procurar neles os nossos costumes. Na verdade, também na nossa cultura existem nomes estranhos, inclusive parecidos com "recipiente para maquiagem" (Perla, Argentino, Ágata) ou até mesmo nomes que não conhecemos o significado (Cláudio vem de "claudicante" = gago; Mara, Maria, Míriam e outros parecidos que vêm de "amarga").