Existe uma tendência muito grande nas comunidades pentecostais a realizar celebrações onde uma das características marcantes são os cantos, os louvores. Sob um certo ponto de vista, poderíamos definir como uma moda, embora quem o vive não definiria assim. De fato, para essas pessoas essa é a maneira com a qual exprimem a própria adesão à vida cristã. Em princípio, não há nada de errado, pois não há um modo unívoco de adorar a Deus. Acredito que você se refere a isso em sua pergunta.
Os pentecostais fundam seu comportamento na maneira de agir da primeira comunicade, principalmente depois que ela recebeu o dom do Espírito Santo, como contado em Atos dos Apóstolos. Lucas, nesse livro, não dá detalhes, pois não era sua intenção falar da liturgia, mas apenas queria mostrar como o Espírito Santo curava um mal que existia desde a antiguidade, desde quando a humanidade se dividiu, cada um falando a sua língua e não se entendendo mais, como descrito em Gênesis 11 no episódio da Torre de Babel. Com a vinda do Espírito Santo isso não acontece mais: mesmo falando línguas diferentes, todos se entendem, pois guiados por um único Mestre, Jesus Cristo.
O canto na liturgia
O final do livro dos Salmos é muito emblemático, quando convida ao louvor de Deus:
Louvai-o com toque de trombeta,
louva-o com cítara e harpa;
louvai-o com dança e tambor,
louvai-o com cordas e flauta;
louvai-o com címbalos sonoros,
louvai-o com c[imbalos retumbantes!
Todo ser que respira louve a Iahweh!
Essa passagem é suficiente para mostrar como o canto, que é louvor a Deus, fizesse parte da tradição dos judeus, vivida por Cristo e seguida pela primeira comunidade. Portanto, recolhemos essa tradição e continuamos no mesmo rastro.
Os cantos, quase sempre, são textos tomados da Bíblia e, assim, é uma forma de ter presente a Palavra. A Bíblia pode ser também cantada.
Portanto, concluindo, diria que o louvor, em si, não exclui a Palavra. É claro que essas considerações são de princípio; precisa ver cada caso concreta e julgar de consequência.